Atos de discurso: assertivos e performativos - Colleen Glenney Boggs

Veja a lição completa: http://ed.ted.com/lessons/speech-acts-constative-and-performative-colleen-glenney-boggs

Quando as palavras são apenas palavras, e quando as palavras provocam ação? O linguista J. L. Austin dividiu as palavras em duas categorias: assertivas (palavras que descrevem uma situação) e performativas (palavras que incitam à ação). Por exemplo, uma placa de "Proibido Correr" está descrevendo sua aceleração, ou você não está correndo porque a placa o proíbe? Colleen Glenney Boggs descreve como essas classificações dão poder às palavras e, por fim, às suas ações.

Lição de Colleen Glenney Boggs, animação de Lou Webb.

Você já viu

uma placa grande e vermelha de
"Proibido Correr", em uma piscina pública?

Geralmente,

a movimentação no deck
é reflexo dessa frase.

Mas, embora a placa
descreva exatamente

a movimentação dos frequentadores,

não é verdade que as pessoas
estão caminhando

porque a placa de diz
que é proibido correr?

Então, essa placa está descrevendo
o ambiente da piscina,

ou está fazendo outra coisa,

algo mais poderoso?

A diferença entre uma frase que descreve

e uma frase de comando

é uma ideia desenvolvida
pelo linguista britânico J. L. Austin.

Ele define essa diferença

como duas partes separadas
de um discurso:

assertivas

e performativas.

São assertivas as frases

que descrevem algo
como verdadeiro ou falso,

e performativas as frases

que denotam uma ação.

Em outras palavras, uma assertiva é

e uma performativa faz.

Para nos ajudar a distinguir
essas duas partes do discurso,

vamos começar examinando assertivas

pelo parque em volta da piscina.

A primeira placa que encontramos diz:

"O parque fecha às 18h."

Após verificar com um gentil
funcionário do parque

que o parque realmente fecha às 18h,

podemos confirmar que essa frase

é um verdadeira assertiva.

Nas proximidades,
há um homem em um banco

com um jornal, e a manchete diz:

"Onda de calor!"

Entretanto, o céu está nublado
e está bem frio.

A manchete de hoje
é uma assertiva falsa,

já que é óbvio que está incorreta.

Antes que a chuva comece a cair,

vamos jogar fora
nossa lata de refrigerante

no latão de lixo azul que diz: "Recicle".

É uma performativa.

As performativas são frases

que têm o objetivo de motivar ações.

Em vez de transmitir uma mensagem,

ela age no mundo,

ela faz algo.

Neste caso,
a performativa de "Recicle"

é pedir que as pessoas
ponham seu lixo

no recipiente próprio.

As palavras não apenas
provocam ações,

às vezes, as próprias
palavras são ações.

É o que conhecemos
como atos de discurso.

Essas ações incluem,
mas não se limitam a:

ordens,

promessas,

pedidos de desculpas,

avisos,

condenações,

batizados,

e até casamentos.

Vejamos o casamento
próximo ao mirante.

O casal diz as palavras: "Eu aceito".

O ato de discurso aqui
são as palavras: "Eu aceito".

Essas palavras fazem
com que eles se casem.

"Eu aceito" agiu sobre eles

e mudou profundamente seu mundo.

Entretanto, as performativas dependem

do contexto e da recepção.

São o que conhecemos
como condições de felicidade.

Imagine se o prefeito
aparecesse no casamento

e dissesse:
"Pelo poder investido a mim

como prefeito,

eu nomeio esse mirante
"O Palácio da Pizza do Prefeito".

Suas palavras seriam
um ato de discurso

através do qual ele
deu nome ao mirante.

E, por ele ser o prefeito,

o mirante seria conhecido
por seu novo nome.

Mas se alguém que não fosse o prefeito,

apenas um transeunte comum,

decidisse dar o nome
de seu gato favorito ao mirante,

provavelmente o nome não mudaria.

As condições de felicidade
são as regras

sob as quais a performativa
pode surtir efeito.

É bem lógico.

A performativa deve
ter autoridade apropriada,

deve ser compreendida,

deve ser clara

e deve ser possível de ser executada.

Se a performativa não atender
a essas condições,

então não possui o poder

de denotar ação.

Mas o fato de uma performativa
atender às condições

e ser dita claramente

não significa que mostrou
seu significado implícito.

De volta à piscina,

um grupo de adolescentes arruaceiros
corre para o salto em altura.

"Proibido Correr" não parece

ter poder sobre eles,

e eles terão de encarar
as consequências

de desobedecer essa performativa.

Talvez tenham até que soltar

algumas performativas próprias,

como pedir desculpas ao salva-vidas

e prometer que não vão mais correr.

Talvez o salva-vidas responda

com outra performativa,

proibindo-os de entrar na piscina

durante o resto do dia.

Afinal, esses adolescentes
devem aprender

a respeitar o poder das palavras.