Temos muito em comum,
mais do que você imagina.
22.000 genes.
São três bilhões de pares
base de informação genética.
Mas um erro, um erro
em três bilhões de bases,
pode mudar sua vida, pode ser fatal.
Por exemplo, se você for
azarado e se você tiver um erro
no gene UGT1A1no cromossomo 2,
é a síndrome de Crigler-Najjar,
uma doença fatal.
Basicamente, você não consegue
processar seus glóbulos vermelhos.
Não existe tratamento.
A única coisa a ser feita para salvar
as pessoas que tem esta doença,
é passar por 12 horas
de fototerapia por dia.
12 horas por dia!
E quando este rapaz
estiver com 18 anos vai morrer
porque seu corpo será tão grande
que a fototerapia não funcionará mais.
Esta é apenas uma das mais
de 6.000 doenças raras.
6.000 doenças raras e
o número está crescendo.
E a propósito, o câncer é
também uma doença genética.
Então isso importa.
Temos muito em comum.
Deixe-me então usar
alguns minutos, introduzindo
e explicando os princípios
da biologia molecular,
a célula humana, a unidade
básica da biologia.
Seu corpo precisa de proteínas.
Toneladas de proteínas para
sobreviver, para funcionar
como a insulina, hormônios
do crescimento e outros milhares.
Então, quando seu corpo precisa
de uma proteína, o que ele faz?
Ele basicamente usa a informação
dos genes de seu DNA.
E para não danificar seu DNA,
ele faz uma pequena cópia
só da parte que ele precisa
apenas do gene que precisa.
E a cópia é feita pelo
chamado RNA mensageiro.
O RNAm entra no interior de suas células
numa pequena máquina chamada ribossomo
e fabrica a proteína.
Se você imaginar no caso da insulina
é a mensagem da insulina
que sai do seu DNA
por uma cópia do RNAm,
e o ribossomo fabrica a proteína
e Voilà!, acabou de fazer insulina.
Baseado nestas
descobertas, 40 anos atrás,
a indústria biotecnológica começou.
Pense na Genentec, na Amgen.
E o que eles fizeram
foi fabricar em levedura ou em culturas
de bactérias estas proteínas, numa fábrica
e eles colocaram numa seringa
para injetar em pacientes
E você tem a primeira insulina humana,
hormônio do crescimento e muito mais
Foi uma revolução incrível
Então os cientistas continuaram
e perguntaram a si mesmos
"Bem, e se pudéssemos pegar
o DNA de dentro do paciente
para ver qual informação está faltando
e fazer a sua própria proteína?
E assim começo a terapia gênica.
O único problema é que
estamos 40 anos depois
das primeiras descobertas,
dos primeiros produtos biotecnológicos
mas é ele um sucesso?
São 6.000 doenças raras e o
número cresce a cada semana
Entendemos mais e mais sobre biologia,
e há apenas uma terapia gênica
aprovada para uso em pacientes. Só uma.
Há só 20 produtos recombinantes aprovados
para pacientes com doenças raras
mas há 6.000 doenças.
Isto é o bastante?
Então alguns de nós, alguns anos
atrás em Cambridge, Massachusetts,
seguimos uma ideia maluca:
"E se o RNAm pudesse ser uma droga?"
E a razão porque os cientistas não
desenvolveram drogas RNAm antes,
porque pelo que eu
expliquei antes é óbvio
drogas RNAm, por quê não?
é por causa destas duas coisas:
O RNAm cria uma resposta imunológica.
Por quê? Porque alguns vírus são
feitos de RNAm, a gripe por exemplo
Se injetarmos RNAm em um
paciente, o que acontece?
Seu corpo pensa que você está com gripe e
isso não é uma coisa boa para uma droga.
Você sabe que nenhum dos sintomas
da gripe é muito agradáveis.
A outra razão é porque o
RNAm é muito instável.
Minutos, dentro de um ser vivo.
Não acho que uma droga
que tem de se injetar
a cada dois minutos
é uma boa droga.
Então estas duas razões
são as bases do porquê
nunca fizemos drogas RNAm antes,
Mas nos perguntamos "e se"?
Trabalhamos duro por dois anos,
e estamos felizes em informar
que encontramos um meio.
Temos um meio de trabalhar
estes dois problemas.
e fizemos drogas RNAm.
Mas como fizemos isso?
Fizemos RNAm num reator, numa
fábrica e colocamos em uma seringa.
e injetamos em animais,
pacientes do final da rua,
na gordura da barriga ou na coxa,
se você injetar RNAm o que acontece?
Dentro da célula, os carinhas
em cinza, os ribossomos,
leem o RNAm que injetamos.
Leem o seu RNAm o dia todo.
Trilhões de vezes por dia
eles leem o seu RNAm.
Então o que eles fazem quando leem o RNAm,
fazem a proteína que dissemos
para seu corpo fazer
A medida do necessário. Pense em insulina.
E a beleza disso é que há dois pontos
que não esperávamos que de início
pudéssemos fazer com esta tecnologia
Duas coisas inacreditáveis.
A primeira é que nós podemos
fazer proteínas secretadas,
De novo, insulina,
hormônio do crescimento.
Isso tem sido criado pela
indústria biotecnologica
mas novamente, não há muitos
produtos que tem sido feitos.
Seu corpo secreta em
torno de 4.000 proteínas.
Isso é menos da metade dos
produtos que foram feitos
pela indústria de
biotecnologia em 40 anos.
Há ainda muitas drogas
que os pacientes precisam.
E se você injetar RNAm para
insulina, ela é feita nesta célula,
e então, dizemos à célula como
secretar a proteína dentro da célula.
e vai para o lugar certo do seu corpo.
Imitamos o que seu corpo
faz quando não está doente.
Mas a grande sacada é está a direita
onde nós injetamos o RNAm.
Os ribossomos fazem a proteína,
mas nós podemos dizer à célula:
"Não secrete para fora de sua membrana",
então a proteína fica só dentro da célula
daí podemos fazer proteínas
intracelulares,
que são a maioria das proteínas
de dentro do seu corpo.
E hoje não há meios de
fazer isso com a tecnologia atual.
Tanto nas empresas farmacêuticas
quando nas empresas biotecnoló
para fazer proteínas intracelulares,
aquelas proteínas que são necessárias
para o seu corpo funcionar.
No começo desta palestra falamos sobre
a síndrome de Crigler-Najjar e do
gene com um erro, o UGT1A1,
bem, podemos hoje, em animais,
fazer o RNAm para o UGT1A1,
injetá-lo,
e fazer a proteína que fica
presa dentro da célula
onde ela deve ficar.
Isso é realmente uma grande salto,
e novamente, se você pensar que
seu corpo tem 22.000 proteínas
mas somente 4.000 são secretadas.
A maioria das proteínas que você
precisa para viver são intracelulares.
Isso não tem solução, com
a tecnologia disponível hoje.
Este é um grande salto.
Deixe-me explicar um
exemplo de aplicação.
isso foi tentado nos últimos 40 anos.
por muitas companhias e sempre falhou.
Como fazer seu coração se reconstruir
depois de um ataque cardíaco.
Dr. Ken Chien, que é um dos
cofundadores da Moderna
e um professor no Karolinska na Suécia,
passou a sua vida inteira, como
cardiologista, estudando corações
e me ensinou que todos os corações
existem células-tronco até
o dia em que morremos.
Toda a sua vida, você tem células-tronco
dormentes no tecido do coração.
E o que Ken me ensinou
que existe uma proteína no seu corpo
chamada VEGF-A
e que se você enviar esta
proteína para a célula-tronco
ela vai dizer: "Faça mais
tecido cardíaco."
E o que Ken fez, quatro anos atrás,
foi tentar fazer uma droga
com proteínas recombinantes,
a tecnologia que a indústria
biotecnologica usa.
Ela fez a proteína VEGF-A na bactéria
e-coli, em um reator em uma fábrica,
e injetou em um coração
depois de um ataque cardíaco.
O problema é que quando você injeta,
ela vai para a circulação muito rápido.
Para ter VEGF-A o bastante para células-
tronco acordarem e fazer mais tecido.
você precisa uma dose alta.
O problema é que à medida
que ela circula pelo seu corpo,
houveram muitos efeitos
colaterais e os testes falharam.
10 anos depois, quando a
terapia gênica foi descoberta,
Ken voltou e disse: "vou tentar
a terapia gênica para o VEGF-A."
E o problema com a terapia gênica
é que uma vez que você
injeta, não pode pará-la.
Ela continua a fazer VEGF-A para
sempre e isso não é bom também.
(Risos)
Quando Ken viu a tecnologia
RNAm, ele disse: "Era isso que
eu estava procurando
nos últimos 30 anos!"
E ele tentou.
E na primeira vez que ele tentou,
conseguiu estes resultado
que vou tentar explicar.
Este é o trabalho de um ano
e a taxa de sobrevida, em animais.
Grupos diferentes de animais
que tiveram ataques cardíacos.
A linha azul é dos animais
que não foram tratados.
Eles foram injetados
com água, placebo.
Você pode ver a taxa
de sobrevida.
Só 15% dos animais sobreviveram
um ano depois do ataque cardíaco.
Em verde, você vê a terapia gênica.
Não é uma boa droga, é pior
do que não fazer nada.
(Risos)
Por causa dela o corpo fica
maluco e continua fazendo VEGF,
e isso não era para acontecer.
E na linha vermelha o que se vê uma dose.
Uma dose de RNAm VEGF 48
horas depois do ataque.
Uma só dose.
E o que esta dose faz por 48 horas
é produzir muito VEGF,
isso manda uma mensagem para
as células-tronco do seu coração:
"Façam mas tecido cardíaco,"
e é isso o que ocorre.
O RNAm acaba depois de 48 horas,
Mas o VEGF fica
e ele instruiu as células-tronco
a reconstruir o seu coração.
Um desenho é tudo de bom.
O que você vê aqui é um corte transversal
de um coração depois de um ano.
Na figura acima, é um animal não-tratado,
que recebeu uma injeção de água.
Você pode ver uma cicatriz.
Onde o ataque cardíaco ocorreu.
Por causa da cicatriz o coração
não pode bombear mais.
Por isso os pacientes, ou animais, depois
de um ano, na sua maioria estão mortos.
O coração parou de funcionar.
O coração não pode bombear
mais por causa da grande cicatriz.
Olhe esta figura.
Uma dose de RNAm VEGF depois do ataque.
As células-tronco devagar
reconstroem o seu coração.
Este é o poder desta tecnologia.
Sempre que temos
uma tecnologia como esta,
sempre ficamos paranoicos:
"Como não estragar tudo isso?"
Quando entendemos que você tem
uma tecnologia que pode mudar a sociedade
e seu impacto em milhões de vida,
como você constrói sua companhia?
Pois se você olhar a história
das empresas biotecnológica,
muitas delas já morreram.
Por quê? Porque é difícil!
Menos de 1% das drogas que as
empresas biotecnologica pesquisam
chegam ao mercado.
Custa uma fortuna e é complicado.
Então o que nos perguntamos:
"Como vamos conseguir?
Como não estragar esta
tecnologia incrível
para levarmos aos pacientes
que estão sofrendo?"
E o que dissemos à nós
mesmos foi: "Vamos pensar que
é como escalar o monte
Everest pela primeira vez."
Como aqueles caras quando olharam
para aquela montanha e pensaram:
Como vamos escalá-la? Não há mapa!
Pela direita? Pela esquerda?
Precisa se perguntar e se planejar bem.
Então foi isso que fizemos
ao iniciar a Moderna.
Primeiro escolhemos
ter um único investidor.
A maioria das empresas biotecnológica
tem muitos investidores, para diminuir o risco
dissemos somente um, porque
queríamos focar em construir a companhia.
Não queríamos muitas pessoas brigando
o quanto dinheiro iriam ganhar.
A maioria das empresas de biotecnologia
trabalham com camundongos e ratos.
Todos sabem que em ratos
e camundongos
nós curamos o câncer à 10 anos.
Nós não podemos curar muitos
tipos de câncer em pessoas hoje.
Então fomos diretos
para macacos. Por quê?
Por macacos são os animais
mais parecidos com humanos.
Ir direto para macacos é muito
atípico. E custa uma fortuna!
(Risos)
E decidimos ficar anônimos.
A maioria das empresas deste ramo
quando fazem uma grande descoberta
publicam artigos e assim por diante,
nós dissemos: "Vamos focar na ciência,
esta ideia é muito grande para
perdermos o foco."
Por 18 meses, sem website,
sem imprensa, sem nada.
Apenas focados na ciência
Fazendo a ciência funcionar.
Nós contratamos as melhores pessoas.
Sempre focados na clínica.
A única coisa que nos movia,
a razão pela qual depois de dormir
pouco, levantar e voltar a ela,
era porque quando
pensávamos sobre a clínica,
nós pensávamos nos pacientes
e nas drogas que podíamos desenvolver.
Nós somos um time na Moderna,
nós nos sentimos abençoados.
Nós sentimos que, provavelmente,
é o único momento em nossas vidas
que temos a chance de
realmente mudar o mundo.
Nós estamos trabalhando duro nisso.
Estamos trabalhando com paixão nisso,
e nós realmente esperamos
que em um ano ou dois,
nós vamos para a clínica com drogas
maravilhosas para ajudar pacientes.
Pense nisso.
E se o mRNA pudesse ser uma droga?
Obrigado.
(Aplausos)