Compaixão.
O que isso significa para vocês?
Como podemos viver isso
na nossa vida cotidiana?
Pensem um pouco nisso enquanto
divido minha história com vocês.
Meu pai se chamava Emery Donelson.
Ele faleceu quando eu tinha oito anos.
Foi numa segunda-feira de novembro.
Ainda me lembro de a minha mãe
vindos nos buscar a mim
e ao meu irmão mais velho,
no ponto do ônibus.
Me aproximei da casa, me perguntando
por que havia tantos carros na entrada.
Não percebi até que ponto
a minha vida estava prestes a mudar.
Ainda hoje é muito difícil para mim
ver crianças brincando com o pai.
Isso me lembra quanta saudade sinto dele.
Eu me lembro que quando meu pai...
(Risos)
sempre que eu tirava um A numa prova,
meu pai dançava comigo.
Ele era péssimo dançarino, mas eu adorava.
(Risos)
São essas coisas do dia a dia
tão pequenas que parecem
tão grandes agora que ele se foi.
Agora que sou uma adolescente,
ele não está aqui para fazer o papel
de pai superpreocupado
que a maioria das meninas tem
quando começam a namorar.
Nunca tive a oportunidade
de ser a "princesa do papai".
Depois de o meu pai morrer,
minha mãe me levou a um acampamento.
Não sabia o que pensar daquele lugar,
só que era um lugar para crianças como eu,
crianças que tinham acabado
de perder alguém da família.
O acampamento se chamava Zona de Conforto.
Acredito que aquele lugar me salvou.
Gostei tanto que, assim que tive idade
suficiente para me tornar monitora júnior,
como era chamado, eu o fiz.
Nunca vou me esquecer
da primeira vez que fui monitora.
Trabalhei com crianças
de sete e oito anos.
Ao voltar pra casa naquele fim de semana,
percebi que aquela era a minha idade
quando perdi meu pai.
Foi incrível ver como cresceram
durante o pouco tempo que passaram lá.
E foi especial para mim poder
retribuir o que me tinha sido dado.
Uma coisa importante que fazemos
na Zona de Conforto é a troca de broches.
Damos um broche a alguém que acreditamos
que fez algo incrível
ou que saiu da sua zona de conforto.
Para alguns, é dividir sua história.
Para outros, é serem líderes do seu grupo.
No meu tempo na Zona de Conforto,
ganhei broches por coisas
como ficar suspensa,
pois tenho medo de altura,
e por confortar alguém
que estava sofrendo com a sua perda.
Uma vez, dei um broche a uma menina
que tinha ficado tímida o fim de semana
todo, e decidiu partilhar a sua história.
No último dia, ela me chamou
e contou toda a história
sobre a morte do seu pai.
Foi impressionante.
Ela me deu um broche por ter ouvido.
Isto é o que a Zona de Conforto
ensina: compaixão.
Quando estava no quinto ano,
novos vizinhos se mudaram
para a casa ao lado.
Tinham uma filha da minha idade,
cheia de energia e maluca.
O nome dela era Cameron Gallagher.
Mal sabia que nos tornaríamos
melhores amigas.
No início, eu e Cameron
éramos apenas amigas normais.
Fazíamos coisas juntas, mas também
mexíamos uma com a outra.
Muito!
(Risos)
À medida que íamos crescendo,
nossa amizade ficava mais forte.
Ao longo do tempo, a Cameron lidou
com inseguranças e sentimentos
que nem sempre conseguia controlar.
Cameron tinha uma depressão juvenil.
Nem sempre era fácil ser amiga da Cameron;
na realidade, às vezes era muito difícil.
Às vezes, as coisas que a Cameron
me contava me assustavam.
Nem sempre sabia o que dizer a ela,
mas sempre a ouvia.
Sempre deixava claro para ela
o quanto a amava.
Um dia, quando seus pais
não estavam em casa,
ela passou por um momento difícil.
Eu fiquei muito preocupada com ela.
Fui à casa dela e a levei para passear.
Almoçamos e fomos para o parque.
Depois disso, voltamos para minha casa
e estudamos para a prova de inglês,
em que, honestamente,
ambas nos saímos muito mal,
porque quem consegue estudar com amigos?
(Risos)
Ficamos ocupadas demais rindo
e não estudamos nada.
Mais tarde naquela noite, minha mãe
me disse que eu era uma boa amiga,
mas não acho que tenha feito
nada de especial,
pois acredito que é assim
que os amigos devem agir.
Uma boa amizade se baseia
em bondade e compaixão.
Alguns dias depois, Cameron
me procurou com uma ideia maluca.
Queria ajuda para organizar uma corrida
para alertar sobre a depressão juvenil.
Queria que se chamasse "Speak Up 5K".
Era fácil ver que a Cameron
adorava aquele assunto.
Claro que concordei em ajudá-la.
A Cameron sentia compaixão por pessoas
que estavam passando pelo mesmo que ela.
Isso foi uma semana antes
de Cameron morrer.
No dia 16 de março de 2014,
eu e Cameron acordamos bem cedo
para correr nossa primeira meia maratona.
Foi a última coisa que fizemos juntas.
Após 20 km, a Cameron sentiu
dificuldade para continuar.
Fizemos uns alongamentos, ela me olhou
e disse: "Vamos acabar isto".
E foi o que fizemos.
Eu e a Cameron terminamos
nossa última maratona juntas.
Depois de nos abraçarmos,
fomos embora abraçadas,
quando a Cameron desfaleceu.
Ela morreu naquele dia.
Durante muito tempo,
me culpei pela sua morte.
Dizia coisas como:
"Devia tê-la impedido".
Mas depois percebi que apenas
estava a apoiando,
como tinha feito naquele dia tão difícil.
Eu estava ajudando Cameron
em sua última grande luta.
No hospital, a mãe dela,
a quem chamo mamãe Grace,
me disse que, na semana anterior,
a Cameron lhe tinha dito
que eu era sua melhor amiga,
pois era a única que sabia tudo sobre ela
e, mesmo assim,
a amava incondicionalmente.
Sempre vou guardar o fato de ter
passado o último dia da Cameron com ela.
Depois que Cameron morreu,
houve uma incrível adesão
do público à sua corrida.
As pessoas sentiam compaixão
por Cameron e suas lutas.
Decidi imediatamente acabar
o que Cameron tinha começado.
A família de Cameron,
muitos voluntários fantásticos e eu
organizamos uma linda corrida em homenagem
a Cameron e seu último desejo.
Vejam só isso.
Três mil pessoas se inscreveram
para a corrida da Cameron,
3 mil pessoas participaram
e nos ajudaram a angariar
mais de US$ 150 mil
para combater a depressão juvenil.
Aqueles são a família da Cameron e eu
admirando aquela enorme multidão.
Estávamos impressionados.
Quando começamos a promover a corrida,
mamãe Grace dizia às pessoas
que o mais importante
era sermos bons para as pessoas.
Isso fala muito sobre minha
mensagem sobre compaixão.
Demonstrem compaixão com as pessoas
que vocês não compreendem.
Aprendi isso com a morte do meu pai
e com a Zona de Conforto.
Percebi que nem sempre as pessoas
compreendiam por que eu estava chateada.
Isto foi reforçado durante
a minha amizade com Cameron.
Nem sempre as pessoas eram legais com
Cameron, pois não entendiam sua doença.
Mas sinto que ajudei a fazer a diferença,
pois a ajudava a continuar diariamente.
Eu mostrei compaixão
por Cameron e suas lutas.
A Zona de Conforto vai continuar
a mostrar compaixão
por pessoas que lutam com a perda
de um membro da família,
e na "Speak Up 5K" vamos continuar
a mostrar compaixão
por aqueles que lutam
contra a depressão juvenil.
Mas o que vocês podem fazer?
A compaixão é definida como um sentimento
de querer ajudar aqueles
que estão pelejando.
Sinto que fiz a diferença com as crianças
na Zona de Conforto e com Cameron.
ao demonstrar minha compaixão
a elas e suas lutas.
Agora eu os desafio a mostrar compaixão
por pessoas que vocês acham
que estão passando por um momento difícil.
Mostrem compaixão por pessoas
que vocês conhecem.
Eu os desafio a falar
por aqueles que estão mal.
Agora, parem para pensar.
Como vocês podem fazer
a diferença na vida de alguém?
Por quem podem mostrar compaixão?
Obrigada.
(Aplausos)