"O óleo de côco entope as artérias?" Mesmo que a ciência não o prove, porque não ao menos tentar tratar a doença de Alzheimer com óleo de côco? Bom, ao contrário de outros remédios naturais, tais como a especiaria de açafrão, a qual foi capaz de vencer o placebo e pareceu funcionar tão bem como o principal fármaco, sem os efeitos secundários, o óleo de côco é uma das raras fontes de gordura saturada, encontrada normalmente em animais e que tende a aumentar LDL - o colesterol mau, o principal factor de risco para o nosso maior "assassino", a doença cardíaca. Queres experimentar óleo de côco por alguns dias para verificar se faz alguma diferença sobre a doença de Alzheimer? Tudo bem, céus, eu tentaria quase tudo. Mas, se como expectável, não verificar nenhuma melhoria, eu estaria hesitante em continuar alguém a consumir óleo de côco a longo prazo. Os comerciantes de óleo de côco dizem que não nos precisamos de preocupar porque o óleo de côco contém uma gordura saturada que não aumenta o colesterol. A mesma conversa é mencionada pelos vendedores de carne de bovino. A National Cattlemen's Beef Association insiste que a carne de bovino contém uma gordura saturada denominada por ácido esteárico, que ao contrario daquelas malvadas gorduras saturadas: os acídos palmítico, mirístico, e láurico, que de facto aumentam os níveis de colesterol no sangue, o ácido esteárico mostrou ter um efeito neutro no colesterol no sangue. E de facto é verdade, a carne de bovino contém ácido esteárico, mas adivinhem: contém o dobro de ácidos palmítico e mirístico, os quais eles próprios admitiram que aumenta os níveis de colesterol! É como a Coca-Cola vir dizer com toda a certeza que o refrigerante não aumenta o peso porque contém água e a água tem um efeito neutro no aumento de peso. Pois sim, mas a água não é o único ingrediente presente na bebida. O cenário é igual para os comerciantes de carne de bovino e para os comerciantes de óleo de côco. Há alguns atrás perfilei este estudo que demonstra que os níveis de colesterol eram significativamente mais baixos durante uma dieta de óleo de côco, mas apenas quando comparada com... ...dietas de manteiga. Sabes que tens um problema, quando a única forma de fazer o teu produto parecer bom é comprando-o com dietas ricas em manteiga. Sim, eleva o colesterol, não tanto como a manteiga, mas que relevância tem esta afirmação? Esta era a única ciência existente em 10 anos, entretanto 4 novos estudos lançados recentemente: 1 estudo populacional e 3 estudos clínicos. A população foi uma mulher de nacionalidade filipina e apesar de que aqueles que consumiram mais óleo de côco tivessem piores níveis de colesterol "mau", aqueles que consumiram mais óleo de côco também tinham mais peso, o que por si só pode aumentar os níveis de colesterol. Quando o facto de os consumidores de óleo de côco estarem a consumir mais calorias e terem maior excesso de peso ter sido factorado, o aumento de colesterol perdeu significado estatístico. Para realmente controlar estes factores, é preciso pô-los à prova. O primeiro ensaio clínico envolveu dar às pessoas duas colheres de óleo de côco diariamente durante três meses, e o seu colesterol subiu um pouco, mas não substancialmente. No entanto, durante este período, todos eles foram forçados a perder peso ao serem colocados numa dieta de calorias restritas. Quando se perde peso, os níveis de LDL devem diminuir naturalmente. O facto de tal não se ter sucedido, sugere um efeito adverso. O estudo mais encorajante foi o seguinte: Um estudo piloto aberto (sem ocultação, sem grupo de controlo) em que duas colheres de sopa óleo de côco por dia durante um mês não piorou os seus níveis de colesterol mas quando testado num estudo de critério mais rigoroso (aleatório e cruzado), o óleo de côco piorou significativamente o colesterol "mau". Daí a recomendação de Harvard "Se consumir, consuma com moderação". No entanto, se tiveres uma alimentação tão saudável, que os teus níveis de colesterol LDL estão abaixo dos 60 ou 70, o óleo de côco pode não ser um problema. Ao contrário das gorduras saturadas de origem animal, o óleo de côco não causa picos de inflamação imediatamente após o consumo de produtos de origem animal, o que faz sentido pois, como se recordará, talvez as endotoxinas bacterianas mortas, presentes em produtos de origem animal e transportadas para o corpo pela gordura saturada é que sejam as responsáveis. Neste estudo, por exemplo, eles compararam os efeitos de bolos de chocolate feitos com óleo de côco, óleo de linhaça ou óleo de fígado de bacalhau à cerca dos seus efeitos sobre os marcadores inflamatórios. Não houve muita mudança na expressão do gene inflamação para o óleo de côco ou nos bolos de linhaça, mas o bolo de óleo de bacalhau pode, sem dúvida, ser prejudicial.