Boa tarde.
Não sou agricultor.
(Risos)
Não sou. Sou pai,
sou vizinho e sou professor.
E este é o meu mundo.
Ao longo do caminho, comecei a notar
— vou na terceira geração de miúdos —
que eles estão a ficar maiores,
mais doentes.
Além destas complicações,
acabo de saber que 70% dos miúdos
com dificuldades de aprendizagem,
não as teriam se tivessem tido
uma nutrição pré-natal adequada.
A realidade da minha comunidade
é simples. É assim.
Os miúdos não deveriam ter de crescer
e ver coisas como esta.
À medida que faltam empregos
na minha comunidade,
e a energia continua
a entrar e a ser exportada,
não admira que algumas pessoas
chamem ao Sul do Bronx um deserto.
Sou o aluno do 6.º ano mais velho
que alguma vez conhecerão,
levanto-me todos os dias
com este entusiasmo tremendo
que espero partilhar com todos vocês.
Com esta observação,
chego aqui com a convicção
de que os miúdos não deviam
ter de sair da sua comunidade
para viver, aprender e trabalhar.
Venho contar uma história.
Esta parede, que encontrei na rua,
e estou a levar para casa,
começa com três pessoas.
O professor maluco — sou eu, à esquerda —
bem vestido, graças à minha mulher
— amo-te por me arranjares um bom fato —
o meu apaixonado presidente
e George Irwin,
da Green Living Technologies,
que me ajudou com a minha turma
e me ajudou a lidar
com esta tecnologia patenteada.
Tudo começou com sementes
nas salas de aulas,
na minha escola, que tem este aspeto.
Estou aqui hoje desejando chegar
o mais longe possível.
É mesmo à volta disso que tudo isto gira.
Começou com miúdos incríveis
que chegam cedo e ficam até tarde.
São alunos de inglês como língua estrangeira
ou com necessidades especiais,
a maioria tem deficiências,
muitos não têm casa
ou não estão ao cuidado dos pais.
Quase todos vivem
abaixo dos limiares de pobreza.
Mas estamos a fazer crescer
aquelas sementes
e a minha sala de aula tem este aspeto.
Vemos a atenção que eles prestam
a estas sementes.
Aquelas sementes tornam-se quintas,
por todo o Bronx, como estas.
Mas, repito, não sou agricultor.
Sou professor.
Não gosto de arrancar ervas daninhas
nem de dar cabo das costas.
Quis perceber como podia
tornar este tipo de sucesso
em algo pequeno, como isto,
e levá-lo para a aula, para os miúdos
deficientes poderem fazê-lo,
— miúdos que não querem sair à rua —
e toda a gente poder ter acesso.
Por isso chamei o George Irwin.
Ele veio à minha sala e construímos
uma parede interior comestível.
Associamo-la a experiências
de aprendizagem autênticas,
aprendizagem baseada na privacidade.
E fizemos nascer
a primeira parede comestível
da cidade de Nova Iorque.
Se estiverem com fome,
levantem-se e comam.
Os meus miúdos parecem ovelhas.
Mas estamos só no início.
Os miúdos adoraram a tecnologia,
portanto pedimos a George:
"Queremos aprender mais!".
Obrigado, Mayor, já não precisamos
de licenças de trabalho,
com empreiteiros associados,
estamos disponíveis.
Decidimos ir para Boston.
Os meus miúdos, do distrito
mais pobre dos EUA,
foram os primeiros
a instalar uma parede ecológica,
projetada por computador,
com ferramentas de aprendizagem,
21 histórias a crescer
— podem ir visitá-la,
fica no topo do edifício John Hancock.
Mais perto de casa, instalámos
estas paredes em escolas,
que ficam assim, com aquela luz,
é mesmo LED, tecnologia do século XXI.
Ganhámos dinheiro do século XXI
e isso foi inovador. Uau!
Esta é minha colheita, pessoal!
O que é que se faz com esta comida?
Cozinha-se!
Estes são os meus alunos tradicionais
a fazer um molho tradicional,
com garfos de plástico,
instalámo-nos na cantina.
Cultivámos coisas
e alimentámos os professores.
É a mão-de-obra nacional
certificada mais jovem dos EUA,
com o nosso presidente do Bronx.
O que é que faríamos depois?
Conheci pessoas simpáticas
que convidaram-nos para os Hamptons.
Chamo a isto "do Sul do Bronx
ao Southampton".
Começámos a criar telhados
como este
e começámos a passar de bairros indigentes
para a construção de paisagens
como esta: uau! As pessoas reparam.
Fomos novamente convidados
no verão passado.
Na verdade mudámo-nos para os Hamptons,
a pagar 3500 dólares por semana
por uma casa e aprendemos a surfar.
Quando se consegue fazer coisas como esta
Estes são os meus miúdos
a montar esta tecnologia.
Quando se consegue construir
um telhado como este,
numa casa como esta,
com sedum como este,
este é o novo grafiti verde.
(Aplausos)
Podem pensar o que é
que uma parede como esta
faz pelos miúdos, para além
de mudar paisagens e mentalidades?
Eu digo-vos o que é que faz.
Permite-me conhecer
empreiteiros incríveis como este,
Jim Ellenberger da Ellenberger Services.
É aqui que se torna
um tripé da sustentabilidade.
Porque o Jim percebeu que estes miúdos,
os meus futuros agricultores,
tinham as capacidades de que ele precisava
para construir habitações baratas
para os nova-iorquinos,
nos seus próprios bairros.
É isto que eles estão a fazer,
a ganhar a vida.
Se forem como eu, vivem num prédio,
há sete tipos sem trabalho
à procura de ganhar uma fortuna.
Mas se precisarem de arranjar a sanita
ou de pregar qualquer coisa,
tenho de esperar seis meses
por alguém com um carro
muito melhor do que o meu.
Esta é a beleza desta economia.
Mas os meus miúdos agora
têm permissão e contrato de trabalho.
Este é o meu primeiro aluno,
na família a ter uma conta bancária.
Este aluno imigrante é o primeiro
a usar o multibanco.
Isto é o verdadeiro
tripé de sustentabilidade
porque pegamos em bairros
abandonados e indigentes
e tornamo-los assim,
com interiores como estes.
Uau! As pessoas repararam e bem.
A CNN ligou-nos e ficámos encantados
de eles virem ao nosso mercado agrícola.
Quando o Centro Rockefeller disse:
"NBC, podem pôr isto nas paredes?",
ficámos maravilhados.
Quando miúdos do distrito
mais pobre dos EUA
conseguem construir uma parede
de 9 por 4,5 metros,
projetá-la, plantá-la e instalá-la
no coração da cidade de Nova Iorque,
é um verdadeiro momento "sí, se puede".
Mesmo escolástico,
se querem a minha opinião.
Mas esta não é uma imagem "Getty".
É uma fotografia que eu tirei
ao meu presidente do Bronx,
a conversar com os meus miúdos
em sua casa, não na prisão,
fazendo-os sentir parte dela.
Estes são o senador estatal
Gustavo Rivera e Bob Bieder.
Vieram à minha aula para
os miúdos se sentirem importantes.
Quando o presidente do Bronx
e o senador estatal vêm à nossa aula,
o Bronx pode mudar atitudes.
Estamos preparados,
cheios de vontade e capazes
de exportar o nosso talento e diversidade
como nunca imaginámos.
Quando o senador local sobe
para a balança em público
e diz que tem de perder peso,
"Eu também!"
Já estou a fazê-lo e os miúdos também.
Depois começaram as celebridades.
Produce Pete não acredita
no quanto crescemos.
Lorna Sass veio e doou livros.
Estamos a alimentar os seniores.
Percebemos que estávamos a fazer crescer
a justiça alimentar no Sul do Bronx,
e a comunidade internacional
também percebeu.
Os miúdos do Sul do Bronx
foram incluídos
na primeira conferência internacional
de telhados verdes.
É fantástico!
Então, e localmente?
Conhecemos Avis Richards,
com a Campanha Ground Up.
Incrível! Através dela, os meus miúdos,
os mais marginalizados e sem direitos,
lançaram 100 jardins em escolas públicas
da cidade de Nova Iorque.
Isto é o tripé da sustentabilidade!
Há um ano, fui convidado
para a Academia Médica de Nova Iorque.
Achei que este conceito de projetar
uma Nova Iorque mais forte e saudável
fazia sentido, especialmente
se os recursos eram grátis.
Portanto obrigado a todos, adoro-os.
Apresentaram-me à Aliança Estratégica
para a Saúde da Cidade de Nova Iorque;
recursos grátis, outra vez,
não os desperdicem.
Seis meses mais tarde,
a minha escola e os meus miúdos
ganharam o primeiro prémio
para escolas secundárias que
criem um ambiente escolar saudável.
A turma mais verde
da Cidade de Nova Iorque.
Mas o mais importante é que
os miúdos aprenderam a obter
e aprenderam a dar.
Com o dinheiro que fizemos
no nosso mercado agrícola,
comprámos presentes
para os sem-abrigo e os desfavorecidos.
Começámos a retribuir.
Foi assim que percebi que
tornar "verde" os EUA
começa primeiro pelos bolsos,
depois com o coração
e finalmente com a mente.
Tínhamos ali qualquer coisa,
e ainda temos.
Graças a Deus,
a Trinity Wall Street percebeu,
porque permitiu o nascimento
da Green Bronx Machine.
Somos 3000 membros, de momento.
O que é que fazemos?
Ensinamos miúdos a reencarar
as suas comunidades,
para que, quando crescem em locais assim,
os imaginem desta maneira.
Os meus miúdos,
treinados e certificados
— imaginem, conseguem
redução de impostos —
pegam em comunidades assim
e convertem-nas em algo assim.
Isso, para mim, é outro
momento "sí, se puede".
Como é que começa?
Começa nas escolas.
Esqueçam os sportinguistas
e os benfiquistas.
Agrupem-nos por brócolos,
pelos seus legumes preferidos,
algo que possam ambicionar.
Estes são os futuros agricultores dos EUA,
a crescer em Brook Park, rua número 141,
a comunidade mais migratória dos EUA.
Quando miúdos tenazes aprendem
a jardinar desta maneira,
não admira que tenhamos fruta como esta.
Adoro-a! E eles também.
Construímos tendas índias em bairros
que estavam a ser incendiados.
Este é um momento "sí, se puede".
Uma vez mais, Brook Park está
a alimentar centenas de pessoas
sem selos alimentares
e sem impressões digitais.
O distrito mais pobre dos EUA,
a comunidade mais migratória dos EUA,
conseguimos fazer isto.
A Bissel Gardens está a produzir
comida em proporções épicas,
levando os miúdos para uma economia
que nunca imaginaram.
Agora, algures sobre o arco-íris,
está o sul do Bronx dos EUA.
Estamos a fazê-lo.
Como é que começa? Olhem para
a atenção do José no detalhe.
Graças a Deus que o Omar sabe que
as cenouras vêm da terra
e não do corredor n.º 9 no supermercado
ou de uma janela à prova de bala
ou de um pedaço de esferovite.
Quando o Henry sabe
que verde é bom, eu também.
Quando ampliam o paladar,
ampliam o vocabulário.
Mais importante, quando juntamos
os miúdos grandes com os pequenos,
o miúdo gordo e branco
deixa de estar no centro, o que é bom.
Criamos este tipo de responsabilidade
entre pares, é incrível.
Vou ficar sem tempo, tenho de me apressar.
Este é o pagamento semanal aos miúdos;
este é o nosso grafiti ecológico.
É isto que estamos a fazer.
Pasmem perante a glória e a generosidade
do Condado de Bronx.
Nada me comove mais do que ver
os miúdos a polinizar as plantas
em vez de uns aos outros.
Confesso, sou um pai protetor.
Mas aqueles miúdos estão agora a plantar
carreiros de abóboras
no cimo dos comboios.
Estamos também a desenhar
lagos de moedas para os ricos.
Estamos a tornar-nos
as crianças do milheiral,
criando hortas no meio de Fordham Road
e paredes de garrafas que vêm do lixo.
Não espero que todos
se tornem agricultores,
espero que vocês leiam,
escrevam sobre isto.
Conto que eles estejam empenhados
e, uau, eles estão!
Aquela é a minha incrível turma,
aqui a comida.
Para onde vai? Zero metros até ao prato,
a cafetaria é mesmo por baixo.
Ou, mais importante, para abrigos locais,
onde a maioria dos miúdos
tem uma a duas refeições por dia.
Estamos a aumentá-las.
Os ténis finos não se
estragam na minha horta.
Jardins de um milhão de dólares
e instalações incríveis.
Vou dizer-vos uma coisa.
Este é um momento lindo.
Campos pretos, campos castanhos,
campos de lixo tóxico, campos de batalha.
Provamos no Bronx que se pode cultivar
em qualquer lado, no cimento.
Aceitamos encomendas de flores.
Estou a envergonhar a feira de bolos.
Estou a fazer reservas para a primavera.
Estas cresceram todas a partir de sementes.
Estamos a aprender tudo.
Repito, quando conseguimos levar miúdos
com origens tão diferentes
a fazer uma coisa tão especial como esta,
estamos mesmo a criar um momento.
Podem fazer perguntas sobre estes miúdos.
Presenças: passam de 40 para 93%.
Começam todos sem confiança
e como excedentes.
Os da minha primeira turma
estão todos na universidade,
ganham o salário mínimo.
Os restantes vão graduar-se em Junho.
Miúdos felizes, famílias felizes,
colegas felizes, pessoas maravilhadas.
A glória e a generosidade
que é o Condado do Bronx.
Vamos falar de hortelãs.
Onde é que elas estão?
Cultivamos sete tipos
de hortelã na minha sala.
Alguém quer um mojito?
Vou estar no Telepan mais logo.
Este é o meu viagra intelectual.
Senhoras e senhores, eu tenho de
me apressar, mas percebam isto:
o município que nos deu as calças largas
e as batidas porreiras
está a tornar-se uma casa
para os ecologistas.
Com os meus 11 000 kg verdes de legumes,
estou a criar cidadãos ecológicos,
miúdos empenhados.
Portanto, ajudem-nos a ir daqui para ali.
Entidades autossustentáveis,
investimento com 18 meses de retorno.
Pagamos às pessoas
o salário mínimo e benefícios de saúde,
enquanto alimentamos pessoas
por muito pouco.
Martin Luther King disse que as pessoas
precisam de crescer com dignidade.
Portanto, aqui, em Nova Iorque,
meus companheiros americanos,
ajudem-nos a tornar os EUA
grande novamente.
É simples. Partilhem a vossa paixão.
É mesmo fácil. Vão ver estes dois vídeos.
Um obteve-nos um convite para
a Casa Branca, o outro é mais recente.
Ponham os maiores
agressores fora das escolas.
Isto tem de ser feito amanhã.
Todos conseguimos fazê-lo.
Mantenham os miúdos
fora de lojas como esta.
Preparem-lhes um prato saudável,
especialmente se o prepararem a partir
da parede da sala de aula — delicioso!
Modelem o bom comportamento.
Façam-nos optar pelo verde.
Os miúdos grandes adoram
morangos e bananas.
Ensinem-lhes empreendedorismo.
Felizmente, existe a GrowNYC.
Deixem-nos cozinhar.
Um ótimo almoço hoje,
Mas o mais importante é que os amem.
Nada mais funciona
como o amor incondicional.
O meu bom amigo Cocas disse-me
que não é fácil ser-se verde.
Não é. Eu venho de um sítio
onde os miúdos podem comprar
35 tipos de charros
a qualquer momento do dia,
onde os congeladores estão cheios
de licores de malte granizados.
A minha querida amiga Majora Carter
disse-me uma vez que
temos tudo a ganhar e nada a perder.
Portanto, agora, e num momento
em que passámos
da audácia de esperar
para esperar por alguma audácia,
incito-vos a fazer alguma coisa.
Imploro-vos que façam alguma coisa.
Neste momento, somos todos girinos,
mas tornem-se grandes sapos,
e deem um grande salto verde.
Não me interessa se são de esquerda,
se de direita, se estão ao meio.
Juntem-se a mim. Eu tenho imensa energia.
Ajudem-me a usá-la.
Juntos, podemos fazer a diferença.
Entretanto, tirem algum tempo
para cheirar as flores,
sobretudo se vocês e os vossos alunos
as plantarem.
Sou o Steve Ritz e esta é
a Green Bronx Machine.
Tenho de agradecer à minha mulher,
à minha família, aos meus miúdos,
e aos meus colegas, por me ajudarem
e acreditarem em mim.
Construímos o caminho
para uma nova economia.
Que Deus vos abençoe
e aproveitem o dia. Sou o Steve Ritz.
Sí, se puede!
(Aplausos)