Princípios de Economia Elasticidade e resgate de escravos Este é um tópico bastante trágico, e, de certas maneiras, é difícil de falar nele, mas vamos tentar. Lembremo-nos de que no mundo moderno ainda há muita escravatura e muitas pessoas ficam legitimamente chocadas por isto. Mas a questão é: o que fazer em relação a isto? Assim, na década de 1990, houve reformistas humanitários que foram ao Sudão e o seu plano era comprar escravos e libertá-los. Bem, isso soa bem. O que poderia ser melhor do que libertar escravos? Isto parece muito nobre, mas será que eliminou a escravidão ou será que pagar aos donos dos escravos para os libertar levou a que houvesse mais gente capturada? Vamos usar o conceito económico de elasticidade da oferta para ajudar a perceber isto melhor. O problema é este: as pessoas que tentam libertar os escravos, chamar-lhes-emos de salvadores de escravos, eles estão também a criar uma procura adicional por escravos. Afinal, eles estão a comprar escravos no mercado. Essa procura adicional desloca a curva da procura por escravos para fora e leva a um novo e mais elevado preço de mercado. Esse preço mais alto trará oferta adicional. Assim, o que farão as pessoas que juntam e capturam os escravos? Bem, eles aumentarão as suas operações. Eles terão mais capturas e levarão mais pessoas para a escravidão. Já podemos ver que há pelo menos uma possibilidade de que comprar os escravos e libertá-los será contraprodutivo porque nós não conseguimos acabar com toda a escravidão, o que fizemos foi libertar algumas pessoas, mas, na verdade, dar a esses raptores, a essas pessoas no meio, mais incentivos para trazer mais pessoas para a escravidão. E é aí que se encontra o potencial para uma tragédia ainda maior. O conceito de elasticidade em termos económicos que se refere a quão responsiva é a quantidade oferecida quando o preço de mercado se altera ajudar-nos-à a perceber em quanto é que um programa de resgate de escravos aumentará o número de pessoas que acabam capturadas pelos raptores de escravos. Oferta inelástica significa que mesmo um preço muito mais alto não resulta numa quantidade oferecida muito maior. Nesse caso, mesmo que o preço de escravos subisse bastante, não haveria muitas pessoas adicionais a serem capturadas. Esse é o melhor cenário. Também significa que o preço dos escravos subirá e ficará elevado porque a resposta por parte da oferta é fraca e não está a puxar esse preço para baixo outra vez. Novamente, esse é o melhor cenário. Isto significa que, no longo prazo, os salvadores estão a fazer mais para limitar a escravidão do que a encorajá-la. No entanto, digamos que a curva da oferta é mais elástica, isso significa uma curva mais plana e significa que a quantidade oferecida ao mercado aumentará muito com o preço mais elevado. Nesse caso, é mais fácil encontrar mais pessoas para escravizar. Assim, como resultado de um aumento na procura pelos resgatadores humanitários, muito mais pessoas acabarão capturadas e escravizadas e então o número total de pessoas capturadas como escravos aumentará um bom bocado. E você tem de se questionar nesse caso: estes programas de resgate de escravos são realmente uma boa ideia? Então qual é a resposta? É genuinamente difícil de dizer se a oferta de escravos é elástica ou inelástica, mas podemos ver o preço como um possível indicador de qual o cenário mais provável de acontecer. Nós sabemos que nos primeiros anos de resgate de escravos houve um notável aumento no preço dos escravos e isso podia ser prova de uma curva da oferta algo inelástica. Contudo, com o passar do tempo, o preço dos escravos caiu e isso poderia indicar uma maior elasticidade da oferta no prazo mais longo. Isso faz sentido porque os fornecedores são normalmente mais recetivos a um aumento no preço quando têm mais tempo para se ajustarem. Por exemplo, eles podem contratar mais pessoas e expandir as suas operações. Assim, esta prova, em geral, sugere que talvez o programa se tenha tornado menos eficaz com o passar do tempo e talvez hoje ele possa ser contraprodutivo e esteja a aumentar o fardo da escravidão. Por outras palavras, boas intenções nem sempre são suficientes. Se alguém aparece e traz uma ideia aparentemente boa, ainda precisamos de pensar sobre as suas consequências não intencionais. Se se quer pôr à prova, clique em «Practice questions». Ou se está pronto para continuar, apenas clique em «Next Video». Legendado por: tomcoliv1998