O que há de tão grandioso
nos Grandes Lagos?
Eles são conhecidos
como os mares interiores dos EUA.
Os Grandes Lagos da América do Norte,
Huron, Ontário, Michigan, Erie e Superior,
são tão imensos que fazem fronteira
com oito estados mericanos
e contêm 23 quatrilhões de litros de água.
É o suficiente para cobrir
a área terrestre dos EUA,
com três metros de profundidade.
Esses enormes corpos d'água
alcançam florestas, pradarias
e áreas pantanosas,
mantendo uma região que é o lar
de mais de 3,5 mil espécies.
Mas como surgiu essa formação
geológica tão imensa e tão ímpar?
A história começa perto do fim da última
era do gelo, mais de 10 mil anos atrás,
quando a Terra estava ficando quente
e os glaciares que cobriam a Terra
começaram lentamente a recuar.
Essas imensas calotas de gelo
esculpiram uma série de bacias.
Conforme o gelo foi derretendo,
essas bacias se encheram de água,
criando a maior área de lagos
de água doce do mundo.
Com o tempo, canais foram
surgindo entre as bacias
e a água começou a fluir
numa troca contínua,
que ocorre até hoje.
Na verdade, hoje,
os Grandes Lagos interconectados
contêm quase 20% de toda a reserva
de água doce de superfície do mundo.
A jornada da água começa
bem ao norte do Lago Superior,
que é o mais profundo, mais frio
e mais cristalino dos lagos,
contendo metade da água de todo o sistema.
O Lago Superior chega
aos 406 metros de profundidade,
criando um ecossistema único e diverso,
com mais de 80 espécies de peixes.
Uma gota de água passa, em média,
200 anos nesse lago,
antes de seguir para
o Lago Michigan ou o Lago Huron.
Ligados pelos estreitos de Mackinac,
esses dois lagos são tecnicamente um só.
A oeste, fica o Lago Michigan,
o terceiro maior dos lagos em área.
A água se move lentamente
pelo seu formato de canal,
e encontra as maiores dunas
de água doce do mundo,
muitas espécies selvagens
e corais raros fossilizados.
Ao leste fica o Lago Huron,
que possui a costa mais extensa.
Ele é pouco populoso,
mas tem muita área de floresta,
incluindo árvores
petrificadas de 7 mil anos.
Abaixo delas, a água continua
a fluir no sentido sudeste,
do Lago Huron para o Lago Erie.
Sua posição como o mais quente
e mais raso dos cinco lagos
permitiu abundância de vida animal,
incluindo milhões de aves migratórias.
Por fim, a água chega à sua última parada,
caindo drasticamente de mais 50 metros
pelas trovejantes Cataratas do Niágara,
dentro do Lago Ontário,
o menor de todos em área.
Dali em diante, parte dessa água já
bem viajada chega ao Rio St. Lawrence,
alcançando, por fim, o Oceano Atlântico.
Além de serem uma maravilha natural,
os eternamente caudalosos Grandes Lagos
nos proporcionam muitos benefícios.
Eles fornecem filtragem natural de água,
controle de enchentes
e fluxo de nutrientes.
Movimentando água
por mais de 3,2 mil quilômetros,
os Grandes Lagos também fornecem água
potável a mais de 40 milhões de pessoas,
e 212 bilhões de litros por dia
para as indústrias e fazendas
em seus arredores.
Mas nossa dependência desse sistema
também traz alguns impactos negativos.
Os habitats ao redor dos Grandes Lagos vêm
sendo degradados e mais e mais povoados,
expondo as águas antes intocadas
a poluentes industriais,
urbanos e agrícolas.
Como menos de 1% da água
sai dos lagos anualmente,
poluentes de décadas atrás
ainda se escondem em suas águas.
Os humanos também
introduziram inadvertidamente
mais de 100 espécies não nativas
e invasivas nos lagos,
como o mexilhão-zebra,
o mexilhão-quagga e a lampreia-marinha,
que dizimaram algumas populações
de peixes naturais da região.
Em maior escala, a mudança climática
está fazendo a água esquentar,
reduzindo os níveis de água e alterando
a distribuição da vida aquática.
Felizmente, nos últimos anos, o governo
começou a reconhecer o imenso valor
desse recurso natural.
Parcerias entre os EUA e o Canadá
vêm ocorrendo, para reduzir a poluição,
proteger habitats costeiros
e deter a propagação
de espécies invasoras.
Proteger algo tão imenso
quanto os Grandes Lagos
exigirá a colaboração
de muitas organizações,
mas o esforço é imprescindível
para a preservação da maravilha
que é esse caudaloso mar interior.