A tecnologia, hoje, está infiltrada em nossas vidas. Ela nos dá acesso a informações instantaneamente, nos provê com recomendações muito personalizadas sobre o que comprar, a quais filmes assistir e, para o bem ou para o mal, nos conecta com pessoas de todo o planeta. Pessoas que, de outra forma, nunca conheceríamos. As empresas por trás dessas tecnologias as fazem superfáceis de serem usadas, acessíveis a todos, de tal forma que todos possam participar e fazer parte desses avanços tecnológicos. Elas também as fazem acessíveis de qualquer lugar: pelo seu celular, pelo seu laptop, sua máquina no trabalho. E essas empresas as fazem de graça, para que todos as usem. Fazem mesmo? Acontece, na verdade, que estamos pagando às empresas por estes serviços; os Facebooks, Amazons e Googles da vida. Contudo, não estamos pagando em dólares; estamos pagando com dados. Toda vez que você usa seus aplicativos no seu celular, ou no computador, toda vez que você acessa a Internet, essas empresas estão coletando informações pessoais sobre você. Você compra fraldas? Elas sabem que você tem filhos. Você procura por direções? Elas não apenas sabem aonde você está indo, mas onde você esteve. Essas empresas coletam informações como: onde você mora, onde você trabalha, o que gosta e o que não gosta, onde seus filhos estudam. E elas não coletam poucos dados. Elas coletam muitos e muitos dados. É isso que você paga pelo frete grátis da Amazon. Vocês sabem o que elas fazem com isso? Elas pegam esses dados e colocam em vários computadores. Elas utilizam matemática e estatística bem sofisticadas e aplicam aos dados. Elas não aplicam manualmente, elas dependem de computadores para tal, então elas têm de transformar o mapa e as estatísticas em código. Ouviram o presidente falar sobre códigos, e que todos deviam estar fazendo; é sobre isto que ele estava falando. Você aplica código aos dados e obtém percepções: inferências sobre sua vida, sobre o que você gosta ou não, e, melhor ainda, o que você pretende comprar e o que você vai querer no futuro. Elas são preditivas. Essas percepções permitem às empresas nos dar aplicativos e websites que nós conhecemos e amamos, mas também fornecem outros valores a essas empresas. Como elas são preditivas, elas podem dizer o que você comprará, em quem você votará e para onde pretende viajar, e isto, eles podem capitalizar. E eles o fazem. Você já se questionou se poderíamos utilizar essa mesma tecnologia para fazer algo pelo mundo? Para resolver um problema grave como alimentar o planeta? Há 7 bilhões de pessoas na Terra, atualmente, e mal podemos alimentá-los. Nossas terras aráveis e nossos recursos como a água estão diminuindo, não aumentando. E, em 2050, teremos 9 bilhões de pessoas no planeta. Logo, o que precisamos fazer, o que precisamos perguntar é: podemos usar essas tecnologias para tornar os agricultores mais eficientes, para lhes fornecer suporte à decisão? Pensem nisso! É como a Amazon para a agricultura, o Google para produtores. Não sei o que vou fazer a respeito dos produtores de leite, mas talvez possamos chamá-lo de "Loogle". (Risos) O problema é similar. Você pega dados, agricultores possuem muitos, registros históricos, todos os implementos agrícolas hoje vêm instrumentados com sensores. Mas você pode comprar sensores em dispositivos agora, e coletar muitas e muitas informações sobre a propriedade, os processos, o que os agricultores utilizam. Você pode então aplicar um código igual ou bem similar a esses dados e extrair percepções. Só que essas percepções podem ser direcionadas aos problemas dos agricultores, e há muitos. Coisas como: quando, quanto e como irrigar, Coisas como: "Como podemos otimizar os rendimentos para tirar o máximo proveito do pouco de terra que temos?" E assim como a Amazon sabe quais sapatos você irá comprar semana que vem, podemos fazer previsões sobre doenças e pestes antes de se tornarem um problema, para que possamos resolvê-los. Ocorre que algumas dessas tecnologias já existem hoje. Algumas empresas realmente inovadoras e pioneiras desenvolveram algumas delas, e o modelo que utilizam é este: agricultores compram um produto, serviço ou implemento agricola de uma empresa e, em troca, eles enviam os seus dados através da Internet para uma empresa, constantemente. A empresa pega esses dados, aplica o código e produz as percepções. Algumas ela compartilha com os agricultores, outras não, tal como a Amazon, Google, e Facebook; tudo é capitalizável. E elas podem lucrar muito com isso. Mas se vamos pegar esse modelo e usá-lo para solucionar um problema bem complicado como alimentar o planeta, o código, que é o mais valioso aqui, não pode ser detido e controlado por poucos. Precisamos tornar o código, a habilidade de extrair percepções e fazer previsões precisas do futuro, disponíveis para todos. Como os serviços do Facebook e Amazon.com. E é nisso que eu trabalho. Eu trabalho no problema de tornar o código disponível a todos, e de tornar possível executá-lo em qualquer lugar. Porque alguns agricultores nem possuem Internet. Logo, em vez de mover todos esses dados para uma empresa pela Internet, que tal movermos o código, que é minúsculo, apenas uma vez, para onde estão os dados, movê-lo para a fazenda? Execute o código em um computador na fazenda, e o agricultores podem extrair suas percepções, lucrar com isso e se tornar mais produtivos por causa disso. Eles podem até dar ou vender seus dados e suas percepções para a indústria. As empresas podem continuar lucrando com suas próprias percepções ou com as percepções que os agricultores extraíram com o código. Elas poderão continuar lucrando com isso, só talvez um pouco menos. O problema com esse modelo é que, primeiramente, o código é complexo. Entretanto, é matemática e estatística que são bem compreendidas. E a tecnologia tem um precedente de pegar coisas complexas e disponibilizá-las em toda a parte. Pensem na Internet. A Internet já foi pensada como a ciência de foguetes. Diversos pesquisadores se reuniram, desenvolveram-na e disponibilizaram-na; todos tinham medo dela. Poucas empresas puderam tirar vantagens dela e o fizeram. E, hoje em dia, ela está em toda a parte. E, para a maioria de nós, é grátis. Nós tornamos a Internet acessível. Agora é hora de tornar esse tipo de código acessível. É possível, e nós podemos fazer. O segundo grande problema é que a indústria não fará isso por nós. Qual empresa desenvolveria propriedade intelectual e, em seguida, entregaria aos concorrentes? Não muitas. Logo, o segundo problema com que devemos lidar é como faremos isso? Como tornar esse código acessível para os agricultores, para que todas as pessoas possam prosperar? A tecnologia tem um precedente para isso também. É chamado de "código aberto". Diversos pesquisadores em tecnologia ou ciência da computação se reúnem, constroem os blocos de construção, e os dão de graça, para que todos tenham acesso e todos possam usá-los. Trabalham duro para fazê-los o mais fácil possível de usar. E então, construímos uma comunidade; uma comunidade de inovadores e desenvolvedores, pesquisadores e estudantes; de todas as idades, de todas as formações e, em nosso caso, agricultores e produtores. E essa comunidade é o que cria a inovação que realmente pode solucionar problemas difíceis, que empresas individuais simplesmente não conseguiriam. Elas participarão, mas não podem fazer sozinhas. Nenhum de nós pode fazer sozinho. Então eu os encorajo a pensar sobre isso, e a se juntarem a nós para tornar as fazendas mais inteligentes. Juntem-se à "fazenda inteligente" porque apenas juntos seremos capazes de alimentar o planeta. Obrigada pela atenção. (Aplausos)