O que podemos fazer para libertar
o potencial inerente dos nossos jovens?
Bem, todos começamos
como uma folha em branco,
com a habilidade de fazer
ou conquistar qualquer coisa.
Temos sorte de não precisarmos
ser atingidos por um raio
ou mordidos por uma aranha para liberar
esses superpoderes latentes.
(Risos)
Porém, conforme crescemos,
começamos a ser rotulados.
Esses rótulos não são precisos
e acabam colocando limitações
no que achamos que podemos fazer.
Em algum momento,
eles começam a nos definir.
Esses rótulos, juntamente
com outros vilões contemporâneos:
muito tempo em frente a telas,
falta de lazer ao ar livre
e nosso foco em padrões acadêmicos rígidos
começaram a suprimir
as aptidões naturais dos nossos jovens
e a travar seus possíveis superpoderes.
Então, como podemos garantir
que o futuro esteja em boas mãos?
Bem, acredito que descobrimos a resposta,
que reside no acrônimo C.A.R.I.N.G.
Quando comecei minha pesquisa
para esta palestra,
percebi que muitos dos jovens
com quem trabalho todos os dias
eram exatamente como
os super-heróis que eu estudava:
simplesmente incompreendidos,
com muito a oferecer.
Eles estão presos numa espécie de fluxo
em que a sociedade diz algo
que não é compatível
com o que é intrínseco a eles.
Então, vamos decodificar
o acrônimo C.A.R.I.N.G.,
começando com "C" de "compaixão".
Quando ensinamos compaixão às crianças,
as ajudamos a entender suas emoções
e as de outras pessoas sem julgamentos.
Para adultos, é mais que isso.
Precisamos entender de verdade
as forças e interesses delas
para fazer a diferença.
O que elas fariam se pudessem
realizar o impossível?
Perguntei isso à minha comunidade
e as respostas me surpreenderam.
Compaixão para mim é continuar
encorajando todos que encontro
a viverem seus pontos fortes e interesses,
a fazerem a diferença,
porque eu sei que conseguem.
A letra seguinte é o "A" de "aventura".
Não precisa ser do gênero
"se pendurar da ponta de uma corda".
Mas já vi muitas pessoas
prosperarem nesses contextos,
especialmente crianças
com dificuldades na sala de aula.
Conheço o menino dessa foto há alguns anos
e já o vi sentado na sala de aula,
sentindo-se impotente e frustrado,
porque não conseguia
realizar o que lhe pediam.
Mas quando o colocamos
em uma situação como essa,
seu verdadeiro poder de liderança emergiu.
Não só ele foi a primeira criança
a subir nessa ponte,
mas ele ainda estimulou seus colegas
a superarem seus medos
e atingirem novas alturas.
Desperdiçamos oportunidades
de ensinar isso às crianças.
Sentadas na sala de aula,
oito horas ao dia,
o quanto elas estão aprendendo de verdade?
Admito que algumas realmente
prosperam nesse ambiente
e outras sobrevivem,
mas estamos mesmo permitindo
que todas elas atinjam seu potencial?
Quando damos oportunidades
às crianças para se aventurarem,
seja em um desafio físico,
mental ou emocional,
a magia acontece.
Elas começam a acreditar em si mesmas
e em tudo o que podem conseguir
e começam a formar laços com as pessoas
que as ajudam a superar esses desafios.
O que nos leva à próxima letra,
"R" de "relacionamentos".
Pode parecer estranha essa ideia
de ensinar competências de relacionamento,
especialmente nessa época
em que estamos tão conectados.
É interessante como
nos tornamos desconectados.
Alguém sabe o tempo médio
de uma criança em frente a telas?
Entre cinco e sete horas ao dia.
Com tanto tempo presos a TV,
videogames, internet e celulares,
sobra pouco tempo para construir
relacionamentos fortes com outras pessoas.
Essa é outra coisa que percebi
em minha pesquisa:
a maioria dos heróis tem uma equipe
com quem dividem segredos
e a quem ajudam quando não sabem
se estão no caminho certo.
É extremamente importante,
já que ser um super-herói, ou uma criança,
envolve super-responsabilidades.
Você não tem que decifrar
só o que é certo ou errado,
mas também como viver
com integridade e ser leal a si mesmo.
"Integridade" também nos ensina
que somos mais do que os nossos rótulos.
Jorge, que eu considero
um super-herói da vida real,
veio à colônia de férias
esse ano como líder,
como orientador em treinamento,
e a mensagem que ele levou mostra
o verdadeiro significado de integridade.
(Vídeo)
Jorge: Durante a colônia esse verão,
conheci Tyler, um garoto excepcional.
Quando ele me acordou no meio da noite,
e havia muitos orientadores,
mas ele me escolheu acho que isso mostrou
que eu era um dos seus líderes.
Eu tinha uma responsabilidade diferente
e tinha que agir como adulto.
Não acho que foi Tyler.
Foi só uma coisa que eu sabia
que tinha que fazer,
como orientador em treinamento.
Amy Ben-Horin : Como sabe ser quem você é?
Jorge: Ah, sei lá.
Eu só... bem, é como você disse,
eu simplesmente sei.
AB: Você sabe o que é certo?
Jorge: Sim, e o que é errado também.
AB: Então eu peço que, quando
ensinamos integridade às crianças,
lembremos que é mais
do que o que é certo ou errado.
É permitir que elas conquistem
o que acreditam que conseguem.
Voltando ao acrônimo,
faltando apenas duas letras,
a próxima é o "N" de "natureza".
A natureza é vista como elo central
entre muitos benefícios para
a saúde mental, física e emocional.
Mas, para mim, é onde cresci.
É parte de mim.
É como eu me conecto com tudo
e como veio a clareza
para meu trabalho com crianças.
As crianças aprendem brincando
e, ao limitarmos seu tempo
e sua criatividade em espaços naturais,
criamos uma bola de neve
de efeitos negativos.
Essa desconexão já levou
a taxas mais altas de obesidade
e a outros desafios mentais,
físicos e comportamentais.
Não é de se admirar que a média
do lazer ao ar livre das crianças
seja de apenas quatro
a oito minutos ao dia.
A natureza traz benefícios
e pode ser a chave para desvendar
essa mensagem inteira,
que não está completa
sem incluir o "G" de "gratidão",
que é como mostramos gratidão
às comunidades que nos apoiam
e que nos ajudaram a nos tornarmos
quem somos hoje.
Também nos ajuda a lembrar de usar
nossos poderes para o bem, não para o mal.
Acredito em um futuro melhor
e acredito no potencial dos nossos jovens
porque trabalho com super-heróis
todos os dias, como o meu amigo Will.
(Aplausos)
Will: Meu superpoder é
criatividade e inteligência,
porque eu acredito no futuro.
Posso ajudar muitas pessoas,
como qualquer outro.
(Risos)
(Aplauso)
AB: Maravilhoso.
(Aplausos)
Então, o que esses nove minutos
significam para vocês?
Levem o acrônimo C.A.R.I.N.G.
para casa ou para a sala de aula
e o pratiquem.
"C" de "compaixão"...
vocês talvez devessem anotar isso.
(Risos)
"C" de "compaixão",
"A" de "aventura",
"R" de "relacionamentos",
"I" de "integridade",
"N" de "natureza"
e "G" de "gratidão".
Se praticarem esse acrônimo
com seus jovens,
garanto que libertarão
os superpoderes deles.
Obrigada.
(Aplausos) (Vivas)