Quero que imaginem que são um soldado a correr pelo campo de batalha. São atingidos na perna com uma bala, que destrói a vossa artéria femoral. Esta hemorragia é extremamente traumática e pode matar-vos em menos de três minutos. Infelizmente, no momento em que o médico chega a vocês, o que o médico tem no seu cinto pode levar cinco minutos ou mais, a parar esse tipo de hemorragia, com a aplicação de pressão, Este problema não é apenas um enorme problema para os militares, mas é também um enorme problema que é epidémico em todo o campo médico, ou seja: Como é que olhamos para as feridas e como as estancamos rapidamente de uma forma que funcione para o corpo? Tenho trabalhado nos últimos quatro anos no desenvolvimento de biomateriais inteligentes, que são materiais que vão trabalhar com o corpo, ajudando-o a recompor-se e ajudando-o a permitir que as feridas sarem normalmente. Mas, antes de fazermos isto, temos de olhar mais a fundo para como funciona o corpo. Toda a gente sabe que o corpo é feito de células. A célula é a unidade mais básica da vida. Mas muitas pessoas não sabem muito mais. Pelos vistos as nossas células estão numa rede de fibras complexas, proteínas e açúcares conhecidas como matriz extracelular (MEC). A MEC é esta rede que segura as células no lugar, providencia a estrutura para os tecidos, mas também dá um lar às células. Permite-lhes sentir o que estão a fazer, onde estão, e diz-lhes como agir e como se comportar. Pelos vistos, a matriz extracelular é diferente em qualquer parte do corpo. Pelo que a MEC na minha pele é diferente da MEC no meu fígado. A MEC varia em diferentes partes do mesmo órgão, pelo que é muito difícil ser possível haver um produto que reaja com a matriz extracelular local, que é o que estamos a tentar conseguir. A título de exemplo, pensem na floresta tropical. Têm a cobertura, têm a zona de sombra, e têm o chão da floresta. Todas estas partes da floresta são feitas de diferentes plantas, e diferentes animais chamam-lhe lar. Do mesmo modo, a matriz extracelular é incrivelmente diversa em três dimensões. Além disso, a matriz extracelular é responsável por todas as cicatrizações. Se imaginarem que cortam o corpo, têm de reconstruir esta MEC muito complexa de modo a conseguirem que ela se forme novamente. Uma cicatriz é, na verdade, uma matriz extracelular mal formada. Atrás de mim está uma animação da matriz extracelular. Como podem ver, as nossas células estão nesta complexa rede e, enquanto nos movemos ao longo do tecido, a matriz extracelular altera-se. Atualmente, qualquer outro instrumento tecnológico no mercado apenas consegue garantir uma aproximação a duas dimensões da matriz extracelular, o que significa que não se adequa ao próprio tecido. Quando eu era caloiro na Universidade de NI, descobri que era possível pegar em pequenas peças de polímeros de derivados vegetais e remontá-los na ferida. Se tiverem uma hemorragia — como aquela atrás de mim — podem colocar nela o nosso material e, tal como com blocos de Lego, ele vai remontar-se no tecido local. Se o puserem sobre o fígado, torna-se em algo semelhante ao fígado. Se o puserem sobre a pele, torna-se em algo que se parece com a pele. E quando põem o gel, ele remonta-se mesmo neste tecido local. Isto tem uma panóplia de aplicações, mas a ideia é, onde quer que se ponha este produto, somos capazes de o remontar nele imediatamente. Isto é uma simulação de uma hemorragia arterial — vão ver sangue — ao dobro da pressão arterial humana. Este tipo de hemorragia é incrivelmente traumática. Como disse antes, levaria mesmo cinco minutos ou mais a ser estancada com pressão. No tempo que eu levo a introduzir o material na hemorragia, o nosso material é capaz de estancar essa hemorragia, porque, assim que entra, trabalha com o corpo para sarar e remonta-se neste pedaço de carne. Depois o sangue reconhece o que está a acontecer e produz fibrina, produzindo rapidamente um coágulo em menos de 10 segundos. Portanto, esta tecnologia... (Aplausos) Obrigado. ... esta tecnologia, em janeiro, vai estar nas mãos de veterinários e estamos a trabalhar diligentemente para pô-la nas mãos de médicos, esperamos que ainda no próximo ano. Mas, mais uma vez, quero que imaginem que são um soldado a correr no campo da batalha. São atingidos na perna por uma bala e, em vez de se esvaírem em sangue, em três minutos, puxam de um pequeno pacote de gel do vosso cinto e, pressionando um botão, conseguem estancar a hemorragia e estarão no caminho da recuperação. Muito obrigado. (Aplausos)