Pode ocorrer sem aviso,
em qualquer momento.
Podemos estar a andar numa carpete macia
e a chegar ao puxador da porta
quando, de repente... zap!
Para perceber a eletricidade estática,
precisamos primeiro de conhecer
um pouco a natureza da matéria.
Toda a matéria é feita de átomos
que consistem em três tipos
de partículas mais pequenas:
eletrões com carga negativa,
protões com carga positiva,
e neutrões neutros.
Normalmente, os eletrões e os protões
estão em equilíbrios num átomo.
e por isso, a maior parte da matéria
é eletricamente neutra.
Mas os eletrões são minúsculos
e de massa quase insignificante.
Quando esfregados ou friccionados,
pode-se conferir suficiente energia
aos eletrões fracamente ligados
que saem dos átomos e se ligam a outros,
migrando entre diferentes superfícies.
Quando isto acontece,
o primeiro objeto fica
com mais protões do que eletrões
e passa a ter carga positiva,
enquanto o que tem mais eletrões
acumula uma carga negativa.
Esta situação chama-se
um desequilíbrio de cargas
ou separação de cargas.
Mas a Natureza procura o equilíbrio,
por isso, quando um destes corpos
recém-carregados
entra em contacto com outro material,
os eletrões móveis
aproveitarão a primeira oportunidade
para irem para onde são mais necessários,
quer saltando do objeto
com carga negativa,
quer saltando para outro
com carga positiva
na tentativa de repor
o equilíbrio de carga neutra.
Este movimento rápido de eletrões,
chamado descarga estática,
é aquilo que reconhecemos
como um choque repentino.
Este processo não acontece
com qualquer objeto.
Se assim fosse, estaríamos
sempre a apanhar choques.
Condutores como metais
e água salgada
têm tendência a ter
eletrões fracamente ligados
que podem deslocar-se
facilmente entre moléculas.
Por outro lado, os isolantes
como os plásticos, a borracha e o vidro
têm eletrões fortemente ligados
que não saltam facilmente
para outros átomos.
A criação estática ocorre mais facilmente
quando um dos materiais envolvido
é um isolante.
Quando andamos sobre um tapete,
os eletrões do nosso corpo
esfregam-se nele,
mas a lã isoladora do tapete
resiste a perder os seus eletrões.
Embora o nosso corpo e o tapete,
em conjunto, sejam neutros eletricamente,
há uma polarização de carga entre os dois.
Quando tocamos no puxador da porta,
zap!
Oe eletrões fracamente ligados
do metal do puxador
saltam para a nossa mão
para substituir os eletrões
que o nosso corpo perdeu.
Quando isso acontece no quarto,
é um incómodo menor.
Mas ao ar livre,
a eletricidade estática pode ser
uma enorme força destruidora da Natureza.
Em determinadas situações,
a separação das cargas ocorre nas nuvens.
Não sabemos bem como é que isto acontece.
Pode ter a ver com a circulação
das gotas de água
e partículas de gelo, dentro delas.
Seja como for, o desequilíbrio
de cargas é neutralizado
ao serem libertadas
para outro corpo,
como um edifício,
a Terra,
ou outra nuvem, numa faísca gigante
que conhecemos por relâmpago.
Tal como apanhamos um choque nos dedos
vezes sem conta no mesmo lugar,
é melhor crer que o relâmpago
pode atingir o mesmo local
mais do que uma vez.