Eu fui apresentada como a ex-governadora do Michigan, mas, na realidade, sou cientista. Ok, uma cientista política, não conta, na verdade, mas o meu laboratório era o laboratório da democracia que é o Michigan, e como qualquer bom cientista, eu estava a experimentar com a política sobre o que seria o maior bem para a maioria, Mas havia três problemas, três enigmas que eu não conseguia resolver. E quero partilhar convosco esses problemas, mas mais importante, acho que descobri uma proposta para uma solução. O primeiro problema que não só Michigan, mas todos estados enfrentam: Como se criam bons empregos nos EUA numa economia global? Vou começar com dados empíricos do meu laboratório. Eu fui eleita em 2001 e, no fim do meu primeiro ano de mandato, em 2003, recebi uma chamada dum membro da minha equipa, que dizia: "Governadora, temos um grande problema. "Temos uma pequena comunidade chamada Greenville, Michigan, "com uma população de 8000, "que está prestes a perder o seu maior empregador, "que é uma fábrica de refrigeração operada pela Electrolux." E eu disse: "Quantas pessoas trabalham na Electrolux?" E ele disse: "3000 das 8000 pessoas de Greenville." Portanto isto é uma cidade de uma só empresa. A Electrolux ia para o México, Então eu disse: "Esquece isso. Eu sou a nova governadora. "Nós podemos resolver isto. Vamos para Greenville "com todo o meu gabinete "e vamos fazer à Electrolux uma proposta que eles não podem recusar." Então eu levei o meu gabinete todo, e encontrámo-nos com todos os importantes da pequena Greenville — o "mayor", o gestor da cidade, o reitor da faculdade — esvaziámos os bolsos e pusemos todas as fichas na mesa, incentivos, como queiram chamar-lhes, para convencer a Electrolux a ficar. Enquanto fazíamos a pilha de fichas, deslizávamos as fichas sobre a mesa para os gestores da Electrolux. Nessa pilha estavam coisas como isenção de impostos durante 20 anos, ou que ajudaríamos a construir uma nova fábrica para a empresa, ajudaríamos a financiá-la. A UAW, que representava os trabalhadores, dizia que oferecia concessões sem precedentes, sacrifícios para conseguir manter aqueles empregos em Greenville. Então a gestão da Electrolux pegou no nosso monte, a nossa lista de incentivos e saiu da sala durante 17 minutos. Quando regressaram, disseram: "Uau, isto é o mais generoso "que qualquer comunidade alguma vez foi para tentar manter os empregos aqui. "Mas não há nada que possam fazer "para compensar o facto de que nós podemos pagar 1,57 dólares por hora "em Juarez, México, por isso vamos embora." E foram. Quando eles foram embora, foi como se uma bomba nuclear explodisse em Greenville. Na verdade, eles implodiram a fábrica. Aquele é um homem que se encaminhava para o seu último dia de trabalho. No mês em que o último frigorífico saiu da linha de montagem, os empregados da Electrolux em Greenville, Michigan, juntaram-se para o que eles chamaram "A Última Ceia". Foi num grande pavilhão em Greenville, um pavilhão interior, e eu fui porque estava muito frustrada como governadora por não ter conseguido impedir a perda daqueles empregos, e quis sofrer com eles. Quando entrei naquele local, estavam lá centenas de pessoas. Era uma coisa enorme. Pessoas sentadas a comer comida empacotada, em mesas redondas e havia uma banda triste a tocar música, ou uma banda a tocar música triste, provavelmente ambos. (Risos) E vem um homem ter comigo, tem tatuagens, rabo-de-cavalo e um boné de basebol, tinha as duas filhas com ele e disse: "Governadora, estas são as minhas duas filhas. "Eu tenho 48 anos, "e trabalhei nesta fábrica durante 30 anos. "Fui do ensino secundário para a fábrica. "O meu pai trabalhou nesta fábrica. "O meu avô trabalhou nesta fábrica. "Eu só sei fazer frigoríficos." Olhou para as filhas, põe a mão no peito e diz: "Agora, Governadora, diga-me, "quem é que me vai contratar? "Quem é que me vai contratar?" Não foi só aquele homem que me fez esta pergunta, mas todas as pessoas naquele pavilhão, e francamente, todos os trabalhadores numa das 50 000 fábricas que fecharam na primeira década deste século. Enigma número um: Como criar empregos nos EUA, numa economia global? Número dois, muito rapidamente: Como resolver a alteração climática global quando nem sequer temos, neste país, uma política nacional de energia e quando o impasse no Congresso parece ser a norma? De facto, houve uma sondagem feita recentemente e essa sondagem comparava a taxa de aprovação do Congresso com uma série de outras coisas desagradáveis, e descobriu-se que a taxa de aprovações do Congresso é pior do que baratas, piolhos, a banda Nickelback, desvitalizações e o Donald Trump. (Risos) Mas esperem, as boas notícias são que, pelo menos, é melhor que os laboratórios de droga e a gonorreia. (Risos) Nós temos um problema, amigos. Isto pôs-me a pensar, o que é? O que é que há no laboratório que eu vejo por ai, o laboratório de democracia, o que aconteceu? Que prescrições políticas aconteceram que provocaram a mudança e que foram aceites de forma bipartidária? Se eu vos perguntasse, por exemplo, qual foi a política da Administração de Obama que provocou pesadas mudanças pelo país fora, o que é que diriam? Talvez dissessem Obamacare, mas essas não foram mudanças voluntárias. Como sabemos, só metade dos estados aprovaram. Podíamos dizer Recovery Act, mas essa não requeria uma mudança de políticas O que provocou mudanças políticas massivas foi a corrida para o topo da educação. Porquê? O governo colocou um pote de 4500 milhões de dólares e disse aos governadores do país: "Concorram por ele". Concorreram 48 governadores, convenceram 48 assembleias legislativas estaduais a elevarem os padrões para alunos do ensino médio para frequentarem cursos curriculares pré-universitários. 48 estados optaram por criar uma política energética de baixo para cima. Então eu pensei, porque é que não fazemos algo assim e criamos uma corrida de empregos em energia limpa, até ao topo? Porque, afinal, se olharmos para o contexto, foram investidos, nos últimos oito anos, 1,6 biliões de dólares pelo setor privado global, e cada dólar representa um posto de trabalho, para onde estão a ir esses empregos? Para lugares que têm política, como a China. Estive na China a ver o que andavam a fazer, estavam a convencer o grupo com quem eu estava. Eu estava ao fundo da sala durante uma das apresentações ao lado de um funcionário chinês. Estávamos a assistir e ele diz: "Então, Governadora, quando é que os EUA vão ter uma política energética nacional?" Eu disse: "Meus Deus — Congresso, engarrafamento, quem sabe?" Ele fez o seguinte, disse: "Demorem o tempo necessário." Porque eles veem a nossa passividade como a oportunidade deles. Que tal, se decidirmos criar um desafio para os governadores do país, e o preço para entrar nessa competição usasse a mesma quantia que o grupo bipartidário aprovou no Congresso para a corrida para o topo da educação, 4500 milhões de dólares? Parece muito mas, no fundo, não é mais que 0,1% dos gastos federais. É um erro de arredondamento no lado federal. Mas o preço de entrada na competição seria, digamos, usem o objetivo do Presidente. Ele quer que o Congresso adote um padrão de energia limpa de 80% até 2030, por outra palavras, temos que obter 80% da nossa energia de fontes limpas até 2030. Porque não pedir isto a todos os estados? E imaginem o que poderá acontecer, porque cada região tem algo a oferecer. Podemos pegar em estados como o Iowa e o Ohio — dois estados politicamente importantes — esses dois governadores, e eles diriam: "Vamos liderar a nação na produção "de turbinas eólicas e de energia eólica. "Vocês podem falar dos estados solares, do cinto do sol, "nós vamos ser os estados que produzem energia solar para o país". e talvez o Jerry Brown, diga: "Vou criar um grupo de indústria na Califórnia "para produzir painéis solares "para não termos de os comprar à China. "Compramo-los aos EUA." De facto, todas as regiões do país podiam fazer isto. Vejam, temos oportunidades de sol e de vento em toda a nação. Se olharmos para os estados acima e a norte, no Oeste, podíamos optar pela geotérmica, ou podemos olhar para o Texas e dizer: "Podemos liderar a nação nas soluções de rede inteligente. Nos estados centrais orientais, que têm acesso a florestas e a resíduos agrícolas, poderão dizer: "Vamos liderar a nação nos biocombustíveis". Quanto ao nordeste: "Vamos liderar a nação em eficiência energética". Ao longo da costa leste: "Vamos liderar a nação em energia eólica 'offshore'." Olhamos para o Michigan e dizemos: "Vamos liderar a nação em produção de entranhas para carros elétricos, "como baterias de iões de lítio. Cada região tem algo para oferecer. Se criarmos uma competição, diz respeito aos estados e ao federalismo. É inclusivo. Até podemos ter o Texas e a Carolina do Sul, que não optaram pela corrida de "Educação até ao Topo", até podemos levá-los a aderirem. Porquê? Porque os governadores Republicanos e Democratas adoram cortar fitas. Queremos trazer empregos. É o que eu estou a dizer. E promove a inovação a nível de estadual nestes laboratórios de democracia. Qualquer um de vocês que tem acompanhado a política ultimamente pode dizer: "Ok, boa ideia, mas realmente? "O Congresso a pôr 4500 milhões de dólares na mesa? "Eles não conseguem concordar com nada." Podemos esperar e ir ao Congresso, embora devamos ficar muito impacientes. Ou renegamos e contornamos o Congresso. Contornamos o Congresso. E se criarmos um desafio no setor privado para os governadores? E se várias empresas de alto património líquido e indivíduos que estão aqui no TED decidam criar, unirem-se — apenas alguns deles — e criarem uma competição nacional para os governadores para haver uma corrida para o topo e ver como é que os governadores respondem? E se tudo começasse aqui no TED? E se vocês estivessem aqui quando descobríssemos como decifrar o código para criar empregos bem pagos na América -- (Aplausos) -- e obter uma política de energia nacional e criássemos uma estratégia nacional de energia, de baixo para cima? Porque, caros TEDsters, se são impacientes como eu, vocês sabem que os nossos concorrentes económicos, as outras nações, estão no jogo e estão a comer-nos ao almoço e nós podemos entrar no jogo ou não. Podemos estar sentados à mesa ou estar em cima da mesa. Não sei em relação a vocês, mas eu prefiro jantar. Muito obrigada a todos. (Aplausos)