(Música de guitarra) (Aplausos) Quando suas raízes estão alinhadas com sua paixão, o céu é o limite. A vida é cheia de dualidades sem fim. Mudança versus estabilidade, seu cérebro versus seu coração. Parece que por toda parte há algum tipo de dualidade para te desafiar a se equilibrar entre elas. E esses dois elementos podem trabalhar um contra o outro, mas ele também podem se alimentar. E acredito que, quando suas raízes estão alinhadas com sua paixão, isso pode levar não à frustração ou a equívocos, como às vezes acontece com a dualidade na vida, mas à inovação e ao empoderamento. Quanto às minhas raízes, meu pai, David Sassi, é o quarto de dez irmãos e irmãs. Minhas raízes vêm do Iraque, do norte da África, e também de Tessalônica, na Grécia. Meu avô, Yossef Sassi, sou xará dele, que sua alma descanse em paz, tinha dois elementos que o desafiaram ao longo da vida. Eles eram seus maiores amores e ele tinha que fazer malabarismos entre eles. Um era sua paixão pela religião e por Deus, essencialmente, porque ele era rabino e um homem de espírito; o outro era seu amor, seu eterno amor pela música. Ele tocava alaúde e também pesquisava e aprendia, e além disso, ensinava a escala musical árabe, o maqam, e escalas orientais. E essa foi a herança que ele deixou para seus filhos. A música da Turquia, Grécia, Egito, etc. Tenho visões claras do meu pai, quando eu tinha mais ou menos dois anos, parado na sala, de roupa íntima, cantando em árabe, cantando em italiano, em uma imensidão multicultural a que fui exposto durante minha educação. Essa é uma foto minha, a propósito. (Risos) Perto daquela idade, provavelmente observando meu pai usando suas roupas íntimas... (Risos) me sentindo feliz e privilegiado por ser exposto a este tipo de experiência multicultural. E realmente, quando cresci, percebi que amo outros tipos de música também. No começo da minha adolescência, fui exposto a muito "rock'n'roll" e "heavy metal". Coisas como... (Música de guitarra) Naquele tempo era um tipo diferente de música. (Aplausos) Mas o mais interessante ocorreu comigo quando eu tinha uns 14 anos, quando peguei uma guitarra pela primeira vez, e duas coisas aconteceram: uma foi que eu sabia que tinha sido feito para aquilo, que havia achado meu par. Era o que eu queria fazer pelo resto da vida: tocar guitarra. Tão simples e inocente quanto isso: só tocar guitarra. E a outra foram os sons que saíram dos meus dedos, eram sons de... (Música de guitarra) Eram como do Oriente Médio; tinham todos os tipos de escalas musicais árabes neles. Então, essencialmente, minha educação e raízes se fundiram na música que amo, isso era minha paixão. É por isso que acredito que quem somos é essencialmente um equilíbrio delicado entre de onde viemos e o modo como nosso coração bate. E isso me foi provado durante todos meus anos e também nas minhas atividades. Eu fiz turnês mundiais. Tive a chance de tocar música que transpunha e unia as pessoas através dela e trazia fãs do Irã, Iraque, Egito, Síria, Líbano, da Índia até a América do Sul; pude fazer as pessoas felizes através do poder da música. Inimigos dançavam juntos. Através dessa minha jornada musical encontrei um problema sincero e genuíno. Na verdade, um desafio. Eu toco 19 tipos diferentes de guitarras, instrumentos de cordas: bouzouki, saz, oud, cumbus, ukulele, charango; da Armênia à Bolívia, se você tiver cordas, eu vou te achar... (Risos) e vou te usar de maneiras que espero que goste. (Risos) (Aplausos) Isso tem seus próprios desafios, certo? Sabe, para ter mais de 40 instrumentos, todos os tipos, variações desses instrumentos, tenho um quarto na minha casa, na casa dos meus pais. As pessoas vêm na nossa sala, e se sentam sem querer numa guitarra. (Risos) Mas o que faço nos meus shows ao vivo é focar e tocar com, essencialmente, dois, três, quatro tipos de guitarra. Às vezes tenho que trocar de instrumento na mesma música. Um deles é a guitarra elétrica, como já viram... (Música de guitarra) Certo. E outro é o bouzouki, o bandolim grego. (Música de bouzouki) E o terceiro é o violão ou violão de corda de náilon. (Música de violão) Tentei achar maneiras em que pudesse juntar todos em um só instrumento. E pensei: "O que vou fazer?" Comecei a encontrar todo tipo de solução. Eram todas complicadas e não muito eficientes. Então, pensei como uma criança e disse: "O que meus filhos fariam?" Quando querem algo, por exemplo, quando querem uma bolacha, eles não pensam duas vezes, ou como não podem fazer aquilo. Eles simplesmente fazem. Eles nunca param, sempre continuam. Eles pegarão uma mesa, colocarão uma cadeira, colocarão outra cadeira sobre ela e por fim, alcançarão a bolacha. Porque quase tudo que fazem, fazem pela primeira vez, e quase tudo que fazem, querem fazer por paixão, pois eles realmente precisam daquilo; têm uma necessidade real daquelas bolachas. E para mim, esta guitarra era minha grande bolacha. Então fui a um "luthier" com bastante experiência e disse: "Quero construir esta guitarra, me leve à Lua". E ele disse, e ele foi fortemente recomendado por sua vasta experiência: "Ela não pode ser feita". Ele disse que os instrumentos competiriam em fontes compartilhadas de tal maneira que ele nunca soaria bem. E seria, com certeza, muito complicado e teria problemas de inclinação, etc. Então, enquanto ele falava, eu pensava: "Tenho carros em casa, então vou a um fabricante de carros. Bem, eu gostaria de ir à Lua; então, preciso de um engenheiro de foguetes". Procurei, então, o meu engenheiro de foguetes e quando pensei sobre isso, disse: "O piano é um instrumento de cordas, essencialmente". Então procurei um cara que tinha experiência em construir pianos. O nome dele é Benjamin Miller, luthier. Hoje ele faz guitarras. Na época ele também fazia algumas guitarras, mas sua maior experiência, até então, era renovando pianos. Então percebi: esse cara sabe de acústica, entende de instrumentos musicais, de escolhas de madeira, etc. Carpintaria. Então eu disse: "Vamos para a Lua. Se você quiser". Saímos para essa missão, essa jornada, e fizemos todos os designs, e depois de mais de uma dúzia de encontros e um processo que levou quase meio ano, finalmente chegamos a um protótipo. E ele falhou! (Risos) Não funcionou. Não funcionou! E lá estava eu, sentado, segurando aquele cadáver. E sabem o que foi mais triste? Que toda e cada palavra que o luthier tinha dito, aconteceu. Era complicado, havia inclinação, não soava bem. Tudo, palavra por palavra dele estavam cravadas em pedra. Mas alguns minutos depois disso, quando voltei aos meus sentidos, peguei aquele protótipo e pensei: "Certo, vamos ver. Aqui, essa escolha de madeira provavelmente foi errada. E o ângulo do braço, a ergonomia aqui. O peso das tarraxas". Então fizemos muitas modificações, perto de 100. E foi assim que esta guitarra foi trazida ao mundo, vinda do fracasso que segurei em minhas mãos. Porque às vezes quando as pessoas dizem que você vai fracassar, e você não vai para a missão, isso é uma coisa; quando você vai para missão e falha miseravelmente, que vergonha. Isso é totalmente diferente. Quero dar a vocês uma rápida ideia da guitarra. Vocês já ouviram alguns sons que ela produz. Então, como já viram, a guitarra é a materialização da minha jornada musical. É leste e oeste. É acústica e elétrica. São as raízes combinadas com a paixão por música moderna e contemporânea. Portanto, consigo tocar tudo, coisas mais contemporâneas... (Música de guitarra) E posso tocar todos os tipos de rock'n'roll. A guitarra é um instrumento fascinante, porque se pode tocar tantos... (Música de guitarra) Tantas variações e com tantos acessórios e periféricos. E essencialmente, claro, tem o bouzouki. (Música de bouzouki) Mas uma coisa aconteceu um dia, quando eu acidentalmente pluguei o cabo errado aqui no "jack" errado da guitarra. E ouvi algo assim... (Música de guitarra) Isso é como uma guitarra soa através do bouzouki. Um som que nunca existiu antes no mundo. Não era possível ser produzido acusticamente, porque essas duas almas, essas duas culturas diferentes agora dividem um corpo, como todos nós. Estamos todos conectados, sabemos disso, sentimos isso. E agora um pode ressoar através do outro e produzir sons que não eram possíveis antes. Gostaria de perguntar uma coisa: Existem borboletas no deserto? Bem, perguntei isso a muitas pessoas na verdade, centenas de pessoas na Internet Vou dizer as estatísticas. A maioria de vocês pensa: "Não há borboletas no deserto". Alguns podem pensar: "Talvez, por que não?" A minoria diz: "Sim. Por que não? Por que não haveria?" Então estudei e pesquisei um pouco. E não só existem borboletas no deserto, mas há borboletas em todos os desertos no nosso planeta. E mais, borboletas são uma das criaturas mais diversas que existem nos desertos ao redor do mundo. E vocês pensariam: "O que uma criatura linda e colorida que representa a liberdade, faz no deserto? Num lugar onde talvez quase não haja vida?" E esse é exatamente o dualismo com o qual nos deparamos todo dia. São mal-entendidos os quais vivemos nós mesmos, sobre tudo que vivemos na vida. Pensamos que não podemos ser borboletas no deserto, mas na verdade somos. Vou levá-los a outro deserto: à Lua. Sabiam que quando vocês deixam suas pegadas na Lua, é provável que elas durem para sempre? Porque, basicamente, não há vento na Lua, Portanto, não há nada que limpe a pegada da superfície. A não ser uma colisão meteórica, claro... mas mesmo assim, elas provavelmente ficarão. Mas não acho que temos que ir à Lua para que nossas pegadas ressoem aqui e nas próximas gerações, porque acredito que nossa base, nossas raízes, ressoam em tudo que fazemos. Sei que ressoam na minha família, meu pai e meu avô, em tudo que faço e espero que minha base, quando chegar a hora, ressoe também, através de tudo que minhas filhas fizerem. Então, acredito que fundamentos alinhados à sua paixão podem levar, essencialmente, à inovação e ao emponderamento. Portanto, eu os encorajo a ir lá fora e ser a borboleta que puderem, no seu próprio deserto. Obrigado. (Aplausos)