"Garota, se mata". "Por que você ainda está viva?" "Você é muito feia". Rebecca Sedwick, uma menina de onze anos, da Flórida, recebeu essas mensagens maldosas, nocivas, atormentadoras e humilhantes em sua rede social. Por fim, elas a levariam a pular da torre de água de sua cidade, suicidando-se. No outono de 2013, eu li essa história quando voltei da escola. Eu fiquei atordoada, chocada e com o coração partido. Como uma menina mais nova que eu pôde ser levada a tirar sua própria vida? Foi quando vi que eu tinha que fazer algo para que isso jamais aconteça novamente. Mas a dor e a tristeza que Rebecca havia sentido já tinham acontecido. O mal já estava feito. Meu nome é Trisha Prabhu, tenho quatorze anos de idade e sou da grande cidade de Naperville, no Illionois, Estados Unidos. Tenho paixão por acabar com o bullying virtual em sua origem, antes que se cause o mal. Sou uma grande sonhadora e acredito que todos deveriam ter o direito de sonhar, de persistir em seus sonhos e vê-los tornarem-se realidade. Então, quando li a história de Rebecca, imediatamente pensei: "Será que há outros como Rebecca por aí, sofrendo como ela?" Logo descobri que ela era uma em meio a incontáveis outros. Megan Meier morreu três semanas antes de seu aniversário de quatorze anos. Ela se enforcou no armário de seu quarto, onde sua mãe a encontrou quando subiu até seu quarto para chamá-la para jantar. Ela havia recebido mensagens como: "O mundo seria melhor sem você", em sua conta no Myspace. O mal estava feito e Megan sofreu as consequências. Tyler Clementi tinha dezoito anos e era aluno da Rutgers University. Ele estava começando a se adaptar à vida na faculdade e à sua nova identidade gay. Um dia, seu colega de quarto e um amigo decidiram usar uma webcam e um laptop para transmitir alguns dos momentos mais íntimos de Tyler com seu namorado em diversas redes sociais. O mal estava feito. Sentido-se humilhado, ele tirou a própria vida, pulando da ponte George Washington. Eu gostaria, mais do que qualquer coisa, de poder reescrever essas histórias. Eu queria poder fazer com que todo agressor pensasse duas vezes antes de fazer o que fez. E se eu pudesse fazer isso? E se eu pudesse impedir o mal antes que ele fosse causado? Será que Megan, Tyler e Rebecca ainda estariam vivos? O bullying virtual é um enorme problema. Cinquenta e dois por cento dos adolescentes, só nos Estados Unidos, já sofreram bullying virtual. E 38% desses tinham tendências suicidas. Vamos ver isso sob uma perspectiva global. Um quarto da população mundial são adolescentes. Estamos falando de 1,8 bilhão de adolescentes. Imaginem isso na revolução das redes sociais, com cada vez mais adolescentes aderindo às redes sociais, e cada vez mais adolescentes sofrendo bullying virtual. Então, por que somos alvo do bullying virtual? Talvez eu seja tendenciosa, mas tenho total certeza de que os jovens não são demônios que andam por aí com intenções cruéis. Não sei quanto a vocês, mas é o que eu acho. E os adultos? São bons ou maus nas redes sociais? Bem, no que se refere aos adultos, eu não sabia exatamente. Então, tive de pesquisar um pouco para descobrir. Então, naquele ano, para meu projeto de ciências da escola, decidi analisar como a idade afetava a disposição de se postar mensagens ofensivas em redes sociais. O que descobri? Um grupo de menos idade, entre doze e dezoito anos, era 40% mais disposto a postar mensagens ofensivas do que um grupo de mais idade. Certo. Os números não me surpreenderam. Mas por quê? Por que esse grupo mais jovem era tão mais disposto a postar mensagens ofensivas? Comecei a pesquisar bastante e, um dia, encontrei um artigo e nele havia uma frase que mudaria para sempre minha visão sobre esse problema. Ele dizia: "O cérebro adolescente é comparado a um carro sem freios". Alta velocidade. Sem parar. Sem pensar. Sem ponderar. Nós simplesmente agimos. Mas por quê? Nosso cérebro é meio estranho. Ele se desenvolve de trás para frente. Por isso, a parte dianteira do nosso cérebro não está completamente desenvolvida até chegarmos aos 25 anos. Por que isso é um problema? Bem, o córtex pré-frontal controla nossas habilidades de tomada de decisão, decisões desatentas, impulsivas, sensações de impulso do momento. Então, é por isso que os adolescentes não pensam antes de agir. Eles simplesmente fazem as coisas, seja bebendo quinze latas de Red Bull numa aposta, ou perdendo uma prova final, ou fazendo alguma loucura. Não pensamos muito antes de fazermos essas coisas. Bem, eu contei isso a uma amiga. Eu disse: "Nossa, sabe, isso é horrível". E ela disse: "Sabe, Trisha, admiro muito sua paixão, mas faz quinze minutos que você está falando disso, como se fosse novidade. É um enorme problema, mas as redes sociais já estão tomando providências para resolver isso". E eu disse: "Ah, sim. Você está certa". Mas logo descobri que as redes sociais não estão fazendo nada, na verdade. O método delas é "parar, bloquear, contar". Você para o que estava fazendo -- a vítima --, bloqueia o agressor virtual e imediatamente conta aos pais ou responsáveis. Parece razoável. Mas vejamos o que realmente acontece: nós adolescentes temos certo medo de contar às pessoas que estamos sofrendo bullying virtual. Pesquisas mostram que, em nove a cada dez vezes, as vítimas não contam a ninguém que estão sofrendo bullying virtual. Além disso, por que deixar sobre a vítima o dever de bloquear o agressor virtual? Por que não estamos disciplinando o comportamento no próprio agressor? Isso me deixou aborrecida. Não havia nenhuma maneira eficaz sequer de deter o bullying virtual, e ele era uma pandemia silenciosa que estava afetando muitas pessoas em todo o mundo. Foi quando tive uma ideia. Em minha pesquisa, descobri que os adolescentes não pensam antes de fazerem o que fazem, certo? E se eles não pensam antes de digitar? E se eu lhes desse a chance de pensar sobre o que estão fazendo? Se um adolescente tentasse postar uma mensagem ofensiva numa rede social, e eu dissesse: "Opa! Espera aí. Você está prestes a postar uma mensagem ofensiva para alguém. Isso pode ferir essa pessoa. Tem certeza de que quer postar essa mensagem?", será que ele ainda estaria disposto a fazer isso? Eu não fazia ideia, mas estava pronta para descobrir. Então, naquele ano, usando minhas habilidades em ciências e em tecnologia, criei dois softwares. Basicamente, eles conseguem verificar se um alerta que levasse os adolescentes a pensar naquilo que faziam de fato reduziria a disposição deles para postar mensagens ofensivas. Então, durante quatro a seis semanas, basicamente morei na biblioteca local. Todo mundo ficava me olhando de maneira esquisita, mas, sabe, no fim, valeu muito a pena. Eu consegui 1.500 testes válidos de dados. E o que descobri? Em 93% das vezes em que os adolescentes recebem um alerta que diz: "Opa! Você está prestes a postar uma mensagem ofensiva", eles mudam de ideia. Eu consegui reduzir a disposição de postar mensagens ofensivas de 71,4% para 4,6%. (Vivas) (Aplausos) Pensem nisso. A minha pesquisa provou que pensar duas vezes antes de digitar, pensar duas vezes antes de postar, pensar duas vezes antes que se cause o mal é um método eficaz de longo prazo para acabar com o bullying virtual, em sua origem, antes que se cause o mal. O Rethink se tornou extremamente popular. Tenho a alegria de dizer isso. Poucas semanas atrás, participei da Feira de Ciências da Google, com minha pesquisa. Estou entre os finalistas globais. Atualmente, eu também... (Aplausos) Obrigada. (Aplausos) Atualmente, também detenho uma patente americana provisória dessa ideia. Agora, meu principal objetivo é colocar esse produto no mercado e acabar com o bullying virtual. Atualmente, estou trabalhando incansavelmente para criar uma extensão para o Chrome e um "add-on" para plataformas móveis. Dessa forma, o Rethink pode se tornar global e acabar com o bullying virtual antes que o mal seja causado. Uma vez, Steve Jobs disse: "O simples pode ser mais difícil que o complexo. O original, muito mais difícil que o derivado. Mas quando os conseguimos, vale a pena, pois podemos mover montanhas". Ele tem toda razão. O Rethink provou que, naqueles poucos segundos em que você decide se vai clicar ou não em "postar", esses poucos segundos significam muito no futuro. Se você está prestes a postar uma mensagem ofensiva sobre a menina gorda sentada à sua frente na aula, ou sobre seu chefe irritante, isso pode significar a vida da menina gorda, ou o seu emprego. Então, eu incentivo todos vocês: pensem duas vezes antes que o mal tenha sido causado. Raramente, neste mundo conectado, nós nos lembramos de que precisamos desacelerar, pausar, pensar no que estamos fazendo. Estamos postando mensagens e elas têm importância. Então, escolha pensar duas vezes. Pense duas vezes antes de digitar, antes que o mal seja causado. Obrigada. (Vivas) (Aplausos)