"Todos os homens são criados iguais "e são dotados dos direitos "à vida, à liberdade e à busca da felicidade". Mais devagar, Mr. Jefferson! Estas palavras da Declaração da Independência, e os factos por trás dela, são bem conhecidos. Em junho de 1776, pouco mais de um ano depois de começar a guerra com a Inglaterra, enquanto eram disparados tiros em Lexington e Concord, o Congresso Continental estava reunido em Filadélfia para discutir a independência norte-americana. Depois de longos debates, foi aprovada a decisão da independência em 2 de julho de 1776. Os EUA eram um país livre! Homens como John Adams pensavam que festejaríamos essa data eternamente. Mas só dois dias depois é que os cavalheiros do Congresso votaram a adoção da Declaração da Independência, escrita quase toda por Thomas Jefferson, explicando todas as razões por que o país devia ser livre. Mais de 235 anos depois, festejamos esse dia como o nascimento dos Estados Unidos da América. Mas há algumas partes da história que talvez não conheçam. Primeiro, Thomas Jefferson ficou com os louros de ter escrito a Declaração, mas foram cinco os homens encarregados de apresentar um documento, explicando porque é que os EUA deviam ser um país independente: Robert Livingston, Roger Sherman, Benjamin Franklin e John Adams foram os primeiros a ser nomeados. Foi Adams quem sugeriu que o jovem e pouco conhecido, Thomas Jefferson, se juntasse a eles porque precisavam de um homem da influente Delegação da Virgínia e Adams pensava que Jefferson era muito melhor escritor do que ele. Segundo, embora Jefferson nunca usasse notas de rodapé, nem indicasse as suas fontes, algumas das suas célebres palavras e frases foram tiradas de outros escritores e levemente alteradas. Franklin e Adams propuseram algumas sugestões. Mas a alteração mais importante veio depois de a Declaração ser entregue ao Congresso. Durante dois dias, Thomas Jefferson, muito infeliz, assistiu e enfureceu-se enquanto as suas palavras eram analisadas. Por fim, o Congresso fez algumas alterações mínimas de palavras e uma grande eliminação. Na longa lista de acusações que Jefferson fez contra o rei de Inglaterra, o autor da Declaração tinha incluído a ideia de que Jorge III era o responsável pelo comércio de escravos, e estava a impedir os EUA de acabar com a escravatura. Isso não só não era verdade como o Congresso não queria qualquer referência à escravatura no documento da fundação da nação. A referência foi eliminada antes de a Declaração ser aprovada e enviada para ser impressa. Mas deixa em aberto uma pergunta difícil: Como é que os homens que estavam em vias de assinar um documento, festejando a liberdade e a igualdade, puderam aceitar um sistema em que algumas pessoas eram donas de outras? É uma pergunta que acabaria por levar a nação à guerra civil e que ainda hoje podemos fazer.