Nós temos que juntar a parte informal da cidade, com a formal Temos que integrar, unir. Porque tudo que sai da favela vai para o resto do mundo, e é aí que o conceito de interconexão não pode ser negado, e então eu penso que também é importante que as pessoas saibam que há muita pobreza no mundo, que há uma urbanização massiva no mundo e é daí que as favelas vêm. Agora temos 80, 90% da nossa população vivendo em situações urbanas densas, e a maior parte delas são favelas. E elas estão crescendo, e crescendo... "Favela"é uma palavra no Português Brasileiro que representa comunidades, ou comunidades informais que com o tempo se tornam mais e mais formais por causa das suas estruturas sólidas no BRasil mas, efetivamente existem lugares similares em todo o mundo. Problemas sérios de exclusão dos jovens, questões sobre auto-estima e escolaridade, que ensinam aos jovens o que não podem ao invés do que podem. A maioria dos pobres está na favela, maioria dos negros está nas favelas, maior parte da violência entre jovens está nas favelas, a falta de infraestrutura está nas favelas. Tem que ser feito nas favelas para que essas pessoas, e seus filhos, no futuro, lidem com menos problemas do que fazem hoje. Então, a questão é como transformar os centros urbanos completos e encontrar caminhos para incluir aquelas áreas excluídas para o centro das atenções Se temos um estado deficiente no fornecimento de seus serviços, e você tem um problema, que capacidades e recursos temos para transformar esse problema em algo útil e positivo para a comunidade? O maior crescimento das cidades no mundo será nos países em desenvolvimento e, pela primeira vez na história da humanidade, mais pessoas estão vivendo nas cidades do que fora delas e as favelas são o segmento da cidade que mais vai crescer então é muito especial ter esse tipo de inovação aqui e espero que os elementos e sua subsequência que vierem possam ser disseminados e adaptados em algum outro lugar para serem desenvolvidos, ,no RIo, no Brasil, e pelo mundo. Nós temos mais de 1020 favelas no estado do Rio de Janeiro, mais de 780 dentro da área municipal do Rio de Janeiro, e as favelas são parte da cidade. Antes de viver numa favela, eu assistia novelas no Senegal. Eu via as pessoas da novela, eles só focam em como as pessoas são miseráveis, em como são pobres. Então sempre tive uma ideia sobre a favela: favela é um lugar inseguro, que tem traficantes, que tem criminalidade e por aí vai. Então você nunca pensaria que, uma vez no Brasil, o melhor lugar para ficar é a favela. Quando eu cheguei realmente mudei minha mente, e eu costumava falar que quem quer que quisesse conhecer o Brasil deveria vir - claro, visitar Ipanema, ir para os outros lugares legais - mas se você realmente quiser conhecer o Brasil, você deveria visitar pelo menos uma favela. Acho que a ideia era usar o DJ e a música como forma de mídia, de expressão, para levar para fora Claro, mostrar a vida nas favelas. Eu sempre quis mostrar para as pessoas o outro lado. Acho que o mais importante e que realmente me chateia, e porque eu me envolvi no turismo, era mostrar o outro lado, mostrar que as favelas não são esses buracos de lixo, somente com crime e pessoas más, traficantes e assassinos... Depois de um tempo ficamos cansados dessa ideia. Comecei Luta Pela Paz primeiro para acessar e engajar os jovens envolvidos no tráfico de drogas. O Rio tem um problema sério com jovens envolvidos em grupos armados que dominam comunidades como a Maré. Infelizmente, esse é um problema que afeta quase todas as favelas na cidade. Então, no começo, acho que foi uma resposta instintiva a uma situação muito trágica, e essa foi minha resposta instintiva. Eu estava andando pela comunidade, eu literalmente virei a esquina e encontrei um jovem segurando o que mais tarde descobri ser uma M16 e ao invés de imediatamente ficar aterrorizado, meu primeiro pensamento foi, que tragédia, isso é terrível que desperdício de vida um menino de 13 anos estar numa situação dessas. O medo definitivamente veio depois, mas essas foi a resposta inicial. Então foi uma resposta instintiva para "O que posso fazer sobre essa situação?" Eu praticava boxe quando jovem, eu sabia o poder do boxe em termos de engajar e acessar os jovens que tradicionalmente vão para outros tipos de projetos. Então, como primeiro passo esse era o Luta Pela Paz, um clube de boxe que teve uma aula de cidadania, como foi chamada naquele tempo, onde jovens tinham a chance de debater e formar opiniões e aprender sobre processos cognitivos de pensamento. Somos desenvolvidos como seres que vivem em espaços verdes, e sentimos instintivamente a necessidade de ter mais disso nas cidades à a do mundo. Acho que é muito especial porque tem sido feito por cidadãos de uma favela num país em desenvolvimento. Favelas são populosas, possuem baixa presença de automóveis, baixas emissões de dióxido de carbono e gases do efeito estufa. Se você fizer melhores infraestruturas, educação, saúde e segurança, poderia ser um modelo de sustentabilidade para cidades em desenvolvimento pelo mundo. Acredito que este é o momento crucial para começarmos a trabalhar em questões ambientais porque depois que (as favelas) começarem a parecer mais como uma cidade formal onde é realmente difícil mudar o modo de vida, acho que essa é realmente uma boa oportunidade para começar a imaginar novas maneiras de viver numa cidade e viver em harmonia com o meio ambiente. A beleza de ter essa"coisa" local-global acontecendo, são essas redes. vivemos num mundo cibernético onde podemos acessar pessoas e recursos instantaneamente de qualquer lugar. E também é dizer, "O que posso fazer como indivíduo, qual a minha resposta instintiva?" que foi meu primeiro passo na Maré, "O que eu sei?" Bom, eu sei boxear, e sei que ter boxeado em alguns lugares é uma ótima maneira de falar com os jovens. Então o que devo fazer? Vamos montar um clube de boxe aqui com um foco social. Não estou dizendo que todos têm que fazer algo similar, mas potencialmente podem encontrar outra organização em comunidades próximas que possam apoiar e precisem de seu tempo. Poderia ser uma hora por semana. Isso faz uma grande diferença. Ser informado e educado, se informar, descobrir o que realmente está acontecendo. A informação que a televisão traz pode ser real, pode não ser real.