Quando era jovem, orgulhava-me de não ser conformista no conservador estado americano em que vivo, o Kansas. Não costumava seguir o rebanho. Não tinha medo de experimentar roupas ou penteados estranhos. Não tinha medo de dar a minha opinião e era extremamente social. Até estas fotografias e postais do meu semestre em Londres há 16 anos mostram que eu não me importava se os outros pensavam que era estranha. (Risos) Mas nesse mesmo ano em que eu estava em Londres, há 16 anos, percebi algo sobre mim que era efetivamente algo único e isso mudou tudo. Tornei-me o oposto de quem eu achava que era. Ficava no meu quarto em vez de socializar. Deixei de participar nos clubes e em atividades de liderança. Já não queria destacar-me da multidão. Dizia a mim mesma que era porque estava a crescer e a amadurecer, não porque estava, de repente, à procura de aceitação. Assumi sempre que era imune à necessidade de aceitação. Afinal, eu era pouco convencional. Mas agora percebo que o momento em que percebi que havia algo de diferente em mim foi o exato momento em que me comecei a conformar e a esconder. Esconder-se é um hábito progressivo, uma vez que nos começamos a esconder, torna-se cada vez mais difícil dar um passo em frente e falar. De facto, mesmo agora, quando contei a algumas pessoas qual o assunto desta palestra, inventei uma história e escondi a verdade sobre a minha TED Talk. Portanto parece-me apropriado e assustador voltar a esta cidade 16 anos mais tarde e escolher este palco para, finalmente, deixar de me esconder. O que é que eu andei a esconder durante 16 anos? Sou lésbica. (Aplausos) Obrigada. Tenho lutado para dizer estas palavras, porque não queria ser definida por elas. Cada vez que pensava em me assumir antes, pensava com os meus botões: "mas eu só quero ser conhecida como Morgana, "apenas Morgana", não como "a minha amiga lésbica Morgana," ou "a minha colega lésbica Morgana." Só Morgana. Para vocês que são de grandes zonas metropolitanas, isto pode não parecer importante. Pode parecer estranho que eu tenha suprimido a verdade e mantido isto escondido durante tanto tempo. Mas o meu medo de não ser aceite paralisava-me. E claro que não estou sozinha nisto. Um estudo de 2013 da Deloitte descobriu que um número surpreendentemente grande de pessoas escondem aspetos da sua identidade. De todos os empregados que foram questionados, 61 % disseram ter mudado algo no seu comportamento ou aspeto físico de forma a não destoarem no trabalho. De todos os empregados "gays", lésbicas e bissexuais, 83 % admitiram ter mudado alguns aspectos pessoais de forma a que não parecessem "muito gays" no trabalho. O estudo descobriu que, até em empresas com políticas de diversidade e programas de inclusão, os empregados esforçam-se para serem eles próprios no trabalho porque acreditam que a conformidade é algo crítico para o seu avanço na carreira a longo prazo. E apesar de ter ficado surpreendida que tanta gente como eu gaste tanta energia para se esconder, fiquei assustada ao perceber que o meu silêncio tem consequências de vida ou morte, e repercussões sociais a longo prazo. Doze anos: o período em que a esperança de vida é diminuida para "gays", lésbicas ou bissexuais que vivem em comunidades anti-"gay" quando comparado com os que vivem em comunidades que os aceitam. Doze anos de vida a menos. Quando li isto na revista The Advocate. este ano, percebi que não me podia dar ao luxo de ficar calada. Os efeitos do "stress" pessoal e do estigma social são uma combinação mortal. O estudo descobriu que os "gays" em comunidades anti-"gay" tinham índices mais altos de doenças cardíacas, de violência e de suicídio. O que eu antes achava que era apenas uma questão pessoal, afinal tinha um efeito cascata que entrava no local de trabalho e na comunidade em cada história como a minha. A minha escolha de esconder e de não partilhar quem eu sou realmente pode ter inadvertidamente contribuído para este exato tipo de ambiente e atmosfera de discriminação. Sempre disse a mim mesma que não tinha nenhuma razão para dizer que era "gay", mas a ideia de que o meu silêncio tinha consequências sociais tocou-me mesmo profundamente, este ano, quando perdi uma oportunidade para mudar a atmosfera de discriminação no Kansas, o meu estado natal. Em fevereiro, a Câmara dos Representantes do Kansas pôs à votação um projeto-lei que basicamente permitia aos comerciantes usarem a liberdade religiosa como motivo para se negarem a atender "gays". Uma antiga colega de trabalho e amiga minha é filha de um senhor que faz parte da Câmara dos Representantes do Kansas. Ele votou a favor do projeto-lei, a favor de uma lei que permite aos comerciantes não me atenderem. Como é que a minha amiga se sente relativamente às pessoas lésbicas, "gays", bissexuais, transsexuais, "queer" e em dúvida? Como é que se sente o pai dela? Não sei, porque nunca fui honesta com eles sobre quem eu sou. E isso afeta-me profundamente. E se eu lhe tivesse contado a minha história há anos? Teria ela contado ao pai a minha experiência? Poderia eu ter ajudado a mudar o voto dele? Nunca vou saber, e isso fez-me perceber que eu não tinha feito nada para tentar mudar as coisas. É irónico que eu trabalhe em recursos humanos, uma profissão que tenta acolher, estabelecer ligações e encorajar o desenvolvimento dos empregados, uma profissão que advoga que a diversidade social deve ser refletida no local de trabalho, e, no entanto, eu não tenha feito nada para defender a diversidade. Quando me juntei a esta empresa no ano passado, pensei para comigo, esta empresa tem políticas contra a discriminação que protegem as pessoas "gays", lésbicas, bissexuais e transsexuais. O seu compromisso com a diversidade é evidente pelos seus programas de inclusão. Quando passar as portas desta empresa vou finalmente assumir. Mas não o fiz. Em vez de aproveitar a oportunidade, não fiz nada. (Aplausos) Quando estava a ver o meu diário de Londres do meu semestre em Londres e as fotos de há 16 anos, encontrei esta citação modificada do livro "Paraíso" de Toni Morrison: "Há mais coisas assustadoras cá dentro do que lá fora." Depois tinha uma nota minha por baixo: "Lembra-te disto." Tenho a certeza de que eu estava a tentar encorajar-me a explorar Londres, mas a mensagem que tinha perdido era a necessidade de me explorar e aceitar a mim mesma. O que eu não percebi senão tantos anos depois é que os maiores obstáculos que alguma vez terei que ultrapassar são os meus próprios medos e inseguranças. Acredito que, se enfrentar o meu medo interior, consigo mudar a minha realidade exterior. Hoje fiz a escolha de revelar uma parte minha que mantive escondida demasiado tempo. Espero que isto queira dizer que nunca mais volto a esconder-me, e espero que, ao assumir-me hoje, possa fazer algo para mudar os dados e ajudar outros que se sentem diferentes a serem mais eles próprios e mais realizados tanto nas suas vidas profissionais como nas pessoais. Obrigada. (Aplausos)