As abelhas são laboriosas
promotoras de encontros de casais.
Verdadeiras facilitadoras de encontros,
em todos os sentidos.
Veja, a melhor faceta da atividade
de pássaros e abelhas
é arranjar um parceiro
para que as plantas se reproduzam.
Em seu trabalho de polinizadoras,
as abelhas são fundamentais
na produção
de aproximadamente 1/3 do alimento
que consumimos.
E elas,
em sua missão de ajudar
as plantas a fazer sexo,
não estão sozinhas.
Fazem parte de uma rede
bastante complexa
de criaturas alcoviteiras,
fundamentais para a polinização
de ecossistemas naturais e de plantas.
Muitos ecossistemas naturais e plantas
precisam de ajuda para fazer sexo.
Como muitos de nós, eles estão ocupados
demais para arrumarem um relacionamento,
têm muita fotossíntese para fazer
e não têm tempo para desenvolver pés
e frequentar um bar para solteiros.
Esses locais são chamados
de mercado de carne:
porque as plantas
não podem se locomover.
Elas dependem de polinizadores
que transportem os grãos de pólen
às flores da mesma espécie de planta,
e elas pagam esses polinizadores
com alimento.
Hoje, cerca de 170.000
espécies de plantas
são polinizadas
por mais de 200.000
espécies de polinizadores.
Os polinizadores incluem
muitas espécies de abelhas,
borboletas, mariposas, moscas, vespas,
besouros e até pássaros e morcegos,
que, em conjunto, polinizam
muitas espécies de árvores,
arbustos e outras plantas
em florescência.
Como recompensa, as flores das plantas
são uma fonte abundante e variada
de alimentos para os polinizadores.
Por exemplo,
os registros fósseis sugerem
que as abelhas podem ter evoluído
das vespas que desistiram de caçar
e adquiriram uma atração pelo néctar.
Redes de polinizadores
estão por toda a parte.
Os ecologistas registram
essas redes no campo
observando quais polinizadores
visitam quais plantas
ou pela análise da identidade
da carga de pólen em seus corpos.
As redes, registradas por esses meios,
englobam de 20 a 800 espécies.
Mostram uma estrutura repetitiva
ou arquitetura.
Os polinizadores interagem com as plantas
de um modo bastante diversificado.
A maioria das plantas são especialistas.
Elas têm um ou poucos
facilitadores de sexo.
Entretanto, somente poucas
plantas generalistas
atraem polinizadores variados,
sendo visitadas por quase todos
os polinizadores da teia.
Acontece o mesmo
com os polinizadores.
A maioria é especialista e se alimenta
apenas de poucas espécies de plantas,
enquanto poucos polinizadores,
incluindo as abelhas, normalmente
são generalistas, ativamente
alimentando-se e fertilizando
quase todos os tipos de plantas
do ecossistema.
É interessante que
especialistas e generalistas
tanto entre as plantas
como entre os polinizadores,
escolham-se mutuamente
obedecendo a um padrão definido.
A maioria das teias de polinizadores
das quais temos dados, são aninhadas.
Em uma rede aninhada, os especialistas
tendem a interagir mais
com os generalistas
do que com outros especialistas
Isso é porque se você for
uma planta especialista,
e se o seu único polinizador
também especializar-se em você
como única fonte de alimento,
ambos ficarão mais vulneráveis
à extinção.
Portanto, é melhor que você se especialize
em um polinizador generalista
que tenha outras fontes de alimento,
para garantir sua sobrevivência
em anos ruins.
Vale o mesmo se você for
um polinizador especialista.
Você se sairá melhor a longo prazo
especializando-se
em uma planta generalista
que é polinizada por outras espécies
em épocas nas quais
você não esteja por perto.
Finalmente, além de as redes
serem aninhadas,
normalmente elas são modulares.
As espécies em tais redes
estão compartimentadas
em módulos de plantas e animais
que interagem mais entre si
do que com outras espécies
de outros módulos.
Pense neles como classes sociais.
Uma planta ou polinizador que morre
afeta as espécies do seu módulo,
mas os efeitos serão menos severos
para o resto da rede.
Por que tudo isso é importante?
Porque a estrutura em rede
dos polinizadores das plantas
dá estabilidade aos ecossistemas.
A distribuição heterogênea,
o caráter aninhado e a modularidade
permitem à rede prevenir-se
e reagir a extinções.
Isso é fundamental,
pois a naturezaa nunca é estática.
Algumas espécies podem
não aparecer todos os anos.
As plantas florescem em épocas diferentes.
Os polinizadores maturam segundo
esquemas variados.
Os polinizadores generalistas
têm que adaptar suas preferências
dependendo do que
e onde está florescendo.
De uma estação de florada
para a seguinte,
os participantes
e os padrões de polinização
podem mudar drasticamente.
Com todas essas variáveis,
você pode entender a importância
dos polinizadores generalistas,
como as abelhas, para a estabilidade
não apenas de uma colheita agrícola,
mas de toda a trama
de plantas e polinizadores
que vemos na natureza
e da qual nossa vida depende.
Da próxima vez que vir
uma abelha voar,
lembre que ela pertence
a uma rede complexa de polinizadores,
fundamental para a vida amorosa
das plantas à sua volta.