Estes são os microplásticos.
Podem ser pequenos, parecem inofensivos,
como personagens da banda desenhada.
Mas não se iludam.
Estes sujeitinhos estão a conspirar
para dominarem os oceanos.
Os microplásticos são dos poluentes
mais invasivos do planeta.
Encontram-se em lagos, rios e oceanos,
por todo o globo.
Estas pequenas partículas
de fabrico artificial
constituem a matéria-prima
de todos os produtos de plástico
que usamos.
Todos os anos, produzimos,
derretemos e moldamos
milhares de milhões
de quilos de microplásticos
em brinquedos, garrafas, botões, sacos,
canetas, sapatos,
escovas de dentes e contas.
Estão por toda a parte.
Aparecem sob muitos disfarces,
de muitas cores e de muitas formas,
variam em tamanho
de poucos milímetros a ínfimas poeiras
que só são visíveis ao microscópio.
Mas a verdadeira vantagem
para dominarem os oceanos
é a sua resistência incrível,
que lhes permite manterem-se
num ambiente, durante gerações,
porque a sua composição artificial
torna-os resistentes à biodegradação.
Portanto, se eles não invadirem o ambiente
não temos com que nos preocupar, não é?
O problema é que os microplásticos
têm uma forma habilidosa de fazer isso.
Produzidos em diversos países
e transportados
para as fábricas de plásticos,
no mundo inteiro,
os microplásticos escapam-se
durante o processo de fabrico,
chegam à costa,
através dos cursos de água,
ou quando são derramados no mar
durante o transporte.
Depois de entrarem na água,
os microplásticos são rapidamente
levados pelas correntes,
e acabam por ficar a girar
nos enormes sistemas do oceano,
chamados giros, onde se reúnem
para combinarem a sua tática.
A Terra tem cinco giros
que funcionam como pontos de reunião,
mas o quartel-general do domínio
dos microplásticos dos oceanos
situa-se no Oceano Pacífico,
onde a dimensão do giro
e a concentração da poluição
é tão grande que se tornou conhecido
pela Grande Lixeira do Pacífico.
Aí, os microplásticos têm boa companhia.
O giro atrai todos os tipos de poluição,
mas como não se biodegradam,
são os plásticos que dominam,
e também provêm de outras origens
para além dos microplásticos.
Estão a ver aquelas microesferas
no gel de limpeza facial
ou na pasta de dentes?
São sobretudo feitas de plástico
e depois de irem pelo cano abaixo
também acabam nessa gigantesca lixeira,
com grande delícia dos microplásticos,
que assim reforçam o seu exército.
Depois, há os grandes pedaços
de lixo plástico não reciclado,
como garrafas e sacos,
transportados pelos rios até ao mar.
Com o tempo, esses pedaços de plástico
também se transformam em partículas,
graças à erosão feita pelos elementos.
E, como se não fossem
suficientemente ameaçadores,
por causa da superfície áspera
desses microplásticos,
— o nome que damos a todos
esses fragmentos de plástico —
os produtos químicos contidos na água,
colam-se ou aderem a eles,
tornando-os tóxicos.
Esta concentração tornou-se tão grande
que a lixeira oceânica
pode variar entre a dimensão do Texas
e o tamanho dos EUA.
Mas enquanto este tornado tóxico
vai rodopiando,
as aves, os peixes, os filtradores,
as baleias e os crustáceos à volta dele
continuam na sua labuta diária,
ou seja, procuram comida.
Infelizmente para eles,
os pequenos pedaços de plástico flutuante
são muito parecidos com ovos de peixe,
e outros apetitosos alimentos.
Mas, depois de ingeridos,
os microplásticos têm o hábito
muito diferente e terrível
de se colarem ao interior
do estômago dos animais,
o que prejudica a saúde deles,
por causa da mistura de toxinas que contêm
mas também podem levá-los a morrer de fome
porque, embora possam ser ingeridos,
nunca são digeridos,
levando um animal a sentir-se sempre cheio
o que pode acabar na morte dele.
Quando um organismo consome outro,
os microplásticos e as suas toxinas
passam para a cadeia alimentar.
E é assim que, pouco a pouco,
os microplásticos atingem o seu objetivo,
tornando-se cada vez mais invasivos
enquanto eliminam a vida marinha
e transformam os ecossistemas do oceano.
Então, como quebrar este ciclo?
A melhor solução seria eliminar
todos os plásticos da equação.
Isso levará muito tempo, mas exige
apenas pequenas mudanças coletivas
como mais reciclagem,
substituindo o plástico por papel e vidro.
e pondo de lado a pasta de dentes
que tem microesferas.
Se realizarmos estas coisas,
talvez com o tempo
haja menos microplásticos
nessa gigantesca lixeira,
talvez o exército de plástico
reduza a sua força
e eles devolvam o oceano
aos seus legítimos guardiões.