Olá.
Meu nome é Stephen Kellogg.
Sou cantor e compositor profissional.
Quando criança, eu queria ser o Bon Jovi:
Rock and Roll, dinheiro, mulheres,
pernadas, (Risos)
movimentos com um headset, ironicamente.
Faz parte.
Mas, quando me formei na faculdade,
eu não apenas não era o Bon Jovi,
mas também me vi aceitando avidamente
um emprego de 6 dólares por hora,
sem benefícios,
trabalhando em um quiosque
de shopping de menos de 1 metro quadrado.
Não preciso dizer
que não havia muito espaço
para praticar pernadas naquele lugar.
Mas, com o tempo, o trabalho
se tornou para mim
algo como pizza ou sexo:
mesmo quando é ruim, é muito bom.
(Risos)
Creio que nossa capacidade de estarmos
satisfeitos com nosso trabalho
é algo que está bem a nosso alcance.
Não acho que isso se restrinja
a uma área específica.
Não acho que esteja
tão sujeito a forças externas
quanto imaginamos.
E acho que as estratégias
ou as verdades que me ajudaram
a encontrar satisfação em meu trabalho
podem funcionar para todo mundo.
É sobre isso que falar hoje com vocês.
Enquanto me preparava,
li um estudo na Forbes que dizia
que a satisfação no trabalho
nos EUA estava em 19%. (Risos)
Isso é horrível.
Não sei se acredito piamente nisso,
mas certamente me convenceu
de que esta palestra
talvez seja importante.
Mesmo alguns dos estudos
mais otimistas que encontrei
ainda mostravam um índice inferior a 50%,
o que significa que muita gente
não está feliz
com o trabalho que desempenham.
E essa é uma situação séria.
Acho que não precisa ser assim.
Então...
Vou mostrar algumas coisas a vocês.
Sei que alguns de vocês estão pensando:
"Você canta em uma banda.
Claro que está feliz com o que faz".
E vocês estão certos.
Músicos têm altos índices
de satisfação nas pesquisas.
Mas digo a vocês
que os desafios que enfrento
são, eu acho, os mesmos
que todos enfrentam.
Vou mostrar a vocês minhas quatro filhas.
(Plateia) Oh...
SK: É... (Risos)
São as pessoas de que mais gosto no mundo.
Nos últimos dez anos,
toquei em 1.300 shows
e percebi que passei quatro
em cada sete dias
longe delas.
Sei como é lidar com a falta de tempo
e com quanto tempo passamos trabalhando
versus fazendo outras coisas.
Também vou mostrar a vocês
uma avaliação de desempenho que recebi,
publicada em um jornal, que dizia:
"a música {dele} é nada mais
que uma invenção embelezada...
uma vítima de suas
próprias ideias sem solidez,
e uma subprodução superproduzida."
(Risos)
Nem sei exatamente o que isso quer dizer,
mas com certeza não é bom.
(Risos)
E acho que qualquer um que recebesse
uma avaliação de desempenho como essa
ficaria muito desapontado.
Então, eu sei como é isso.
E, se ainda não acreditam
que tenho as mesmas dificuldades,
vou mostrar meu imposto de renda
dos meus primeiros anos nesse trabalho.
Certo. Vamos falar sobre como sermos
mais felizes em nosso trabalho.
Eis a primeira estratégia, ou ideia:
"Saiba por que está trabalhando".
Da mesma forma, meça sua riqueza
não pelas coisas que possui,
mas por aquelas
que não trocaria por dinheiro algum.
Antes de ser um ilustre compositor,
meu primeiro emprego
foi na Brooks Pharmacy.
Eu tinha dezesseis anos.
Eu era assistente de vendas,
ou seja, eu arrumava prateleiras,
atendia pessoas,
limpava o banheiro, sabe,
fazia de tudo um pouco,
menos aquilo que seria considerado
o tipo de coisa evidentemente divertida.
Um dia, minha mãe entrou no quarto
sacudindo uma conta de telefone e dizendo:
"Se for continuar namorando
essa menina que mora a 45 minutos daqui,
vai ter que pagar a conta".
Como podem ver,
eu me casei com aquela garota.
Eu sabia que não haveria outro jeito de ir
do ponto A, minha formatura,
ao ponto B, meu casamento,
sem que continuasse falando
com minha futura esposa.
Eu sabia que não havia outra forma
de continuar a nos falarmos,
sem que eu pagasse aquela conta.
Quando voltei à Brooks Pharmacy,
fui com alegria,
porque sabia por que estava trabalhando.
E adquiri o hábito de dizer --
é verdade -- eu dizia:
"Bem-vindos à Brooks, onde você
vai adorar nosso serviço". (Risos)
Nem sei se era um dos slogans deles,
mas eu simplesmente... (Risos)
Sabe, é preciso sabermos
por que estamos trabalhando.
Certo. Eis a segunda estratégia:
"É melhor estar no início
de uma escada que você quer subir,
que no alto de uma que não quer".
Aprendi essa no "The Office".
(Risos)
Sou ótimo nisso.
Cerca de três anos depois que entrei
nesse emprego de 6 dólares por hora,
eu fazia propaganda para uma revista
e ia muito bem.
Então, recebi um convite para tocar
numa churrascaria local.
Eles disseram assim:
"Queremos que você toque
por quatro horas".
O pagamento foi ridículo.
Eles frisaram demais o fato
de que eu poderia comer de graça".
(Risos)
Eles me pediram para vestir
uma camisa bem boba,
com o emblema da churrascaria e tudo mais.
Não foi um show atraente.
Mas, no fim daquela noite,
eu soube que estava
numa escada que queria subir.
Eu sabia que estava no início da escada,
mas tudo bem.
Então, sempre que possível,
suba escadas que valham a pena.
Número três: "A grama
sempre parecerá mais verde".
É um baita clichê.
Hesito em usá-lo aqui no TED,
mas acho que não há
uma maneira melhor de dizer isso.
A questão é sermos felizes
em nosso trabalho,
e acho que uma das formas mais fáceis
de sermos infelizes em nosso trabalho
é ficarmos sentados, observando os outros,
achando que eles estão melhores,
que a situação deles é melhor que a nossa.
Acho que temos pontos comuns
em todas as áreas,
ou "regras do jogo".
Sempre vai haver um chefe
que nem sempre reconhece o que você faz
tanto quanto você gostaria.
Sempre haverá colegas de trabalho
que não fazem as coisas
da mesma forma que nós faríamos,
ou que são simplesmente irritantes.
(Risos)
Raramente as pessoas ganham
o quanto acham que merecem.
E, às vezes, são horas demais,
horas de menos, você sempre
poderia fazer algo melhor, etc.
É normal passarmos por isso.
Isso existe em qualquer emprego,
em todos os níveis.
O importante, se quiser
ser feliz no trabalho,
é perceber que essas coisas
existem em todos os níveis.
Todos passam por isso,
então não fiquem sentados
pensando: "Ah, a grama do quintal
do vizinho é mais verde".
Vou explicar essa foto:
sou eu em uma van,
depois de cinco anos numa turnê.
Eu imaginava que, ao partir
num ônibus de turnê,
todos os meus problemas
estariam resolvidos.
Uma dia, parti em um.
Surgiram um monte de novos problemas.
Estou de novo numa van,
e com muitos problemas.
A questão é que nem sempre
a grama é mais verde
no quintal do vizinho. Certo.
Número quatro: "Entenda os efeitos
positivos de seu trabalho".
Isso parece simples,
mas fico meio surpreso, ao conversar
com as pessoas sobre o trabalho delas,
com o quanto não conscientes
é possível estarmos
quanto ao impacto positivo
do nosso trabalho.
Penso no cara que entrega pizza
em minha casa
toda sexta-feira.
Ele sabe que fico tão louco para vê-lo
que ele já chega
com um grande sorriso. (Risos) .
Ele está entregando
a melhor refeição do mundo --
ninguém pode negar -- na casa dos outros.
(Risos)
É assim, não é?
Penso no meu contador,
que lida com uma quantidade
assustadora de papéis
e com a ameaça iminente do fisco
e de uma possível prisão,
e transforma tudo, às vezes, em uma
restituição de imposto de renda. (Risos)
Penso num corretor
que pega um jovem casal,
que diz: "Queremos um casarão,
e temos pouco dinheiro",
e, de alguma forma,
consegue o que eles querem.
Existe em qualquer trabalho.
Obviamente, não temos tempo,
mas me mande um e-mail
e vou ajudá-lo a descobrir
o impacto positivo do seu trabalho,
caso não consiga, a não ser
que você seja um criminoso.
Aí... (Risos)
não poderei ajudá-lo.
(Risos)
Aconteceu uma coisa comigo.
Eu estava na estrada...
acho que posso dizer
que me sinto em casa aqui com vocês.
Sabe, eu queria inflar meu ego,
vender mais discos,
vender mais ingressos, ficar mais famoso.
Eu estava em turnê fazendo isso
havia seis anos.
Fui convidado a tocar
no Hospital Infantil Saint Jude,
em Memphis, Tennessee.
Eu fui e toquei para uns doze pacientes,
pais e funcionários.
Naquela pequena apresentação,
tive uma epifania,
porque vi pessoas que tinham
pouquíssima razão para sorrir
sorrindo para mim.
E percebi que as habilidades
que desenvolvi...
eu as havia desenvolvido para que
pessoas sem motivo para sorrir
pudessem sorrir novamente.
E jamais fiz um show diferente...
Nunca mais toquei
da mesma forma, desde então.
Então, entenda aquilo que você faz
e que é positivo e se apegue a isso.
Você será mais feliz
em seu trabalho. Certo.
A quinta e última estratégia,
ou ideia, ou verdade
que fez o trabalho se tornar
algo como o sexo para mim
foi isso (Risos):
"Preserve sua integridade e seus valores".
"Valores" é um daqueles jargões
que ouvimos tanto, que meio
que virou lugar-comum.
Mas estou me referindo à sua essência.
Provavelmente o momento mais humilhante
da minha carreira profissional
foi há dois anos.
Decidimos que eu deveria
ter um hit musical.
Então, fui até Los Angeles,
de onde vêm todos os melhores
sucessos musicais, (Risos)
para trabalhar com compositores.
Escrevemos uma canção que era
para ser um agradecimento
a Simon & Garfunkel.
Devo dizer que realmente
fomos além da conta.
Quando a música saiu,
meus fãs me chamaram
a atenção e disseram:
"Sabe, essa música parece
com as do Paul Simon".
Um dia, minha filha de quatro anos
entrou em meu escritório,
e disse: "Pai, a música do Paul Simon
parece com a sua".
(Risos)
Aquele foi definitivamente,
definitivamente o pior momento
da minha carreira.
Eu me senti muito perdido.
A boa notícia é que é possível
corrigir esse tipo de coisa.
Neste caso, retirei a canção
e a reescrevi para que ficasse 100% minha,
soasse como minha.
Expliquei aos meus fãs,
da melhor forma possível,
como tudo aconteceu.
E, do pior momento na minha carreira,
acabou surgindo o momento
mais feliz da minha carreira,
porque eu sabia exatamente
quem eu era naquele momento,
e podia continuar minha missão.
Então, nunca subestimem o poder
de manter sua integridade
e seus valores em seu trabalho.
Se fizer essas cinco coisas,
mostraremos à Forbes quem manda,
meus amigos.
(Risos)
Vou encerrar esta palestra com uma canção.
É o que faço.
Meu forte não é ser breve,
e ninguém que já tenha me entrevistado
me acusou de ser conciso demais.
Mas esta oportunidade de fazer isso hoje
e chegarmos a algumas conclusões
sobre por que o trabalho é algo positivo
me deixa muito empolgado.
Espero que alguém aí
que não esteja satisfeito
possa aproveitar isso e refletir:
"Se sei por que estou trabalhando,
se subir escadas que valham a pena,
se não passar o tempo todo sonhando
que a grama é mais verde
no quintal do vizinho,
se puder reconhecer os impactos
positivos do meu trabalho
e se puder me manter íntegro
nesse processo,
meu trabalho será mais gratificante".
Essa canção que vou tocar
é a última coisa que tenho a dizer
sobre satisfação no trabalho.
É a última coisa que quero
compartilhar com vocês.
Coloquei nessa canção.
Seu trabalho é apenas o seu trabalho.
É algo que passamos a maior parte
de nosso dia fazendo,
mas não nos resumimos a isso.
É apenas uma parte de quem somos.
Você pode mudar a situação, pode fazer
o que for preciso para ser feliz.
Mas espero que sejamos felizes.
O nome dessa música é "Satisfied Man".
(Violão elétrico)
♪ Há coisas que nunca superamos ♪
♪ Não importa o que seus pais digam ♪
♪ A primeira dessas três coisas
em minha lista ♪
♪ é a lembrança de meu pai partindo ♪
♪ A seguinte em minha lista
seria o paraíso ♪
♪ Eu já sei como ele é ♪
♪ porque me apaixonei aos dezesseis anos ♪
♪ com o grande amor da minha vida ♪
♪ A seguinte em minha lista seria perder ♪
♪ Alguém sempre precisa ganhar ♪
♪ E enfiar o dedo no nariz
na frente do chefe, eu acho, ♪
♪ parece uma coisa bela ♪
♪ O que ninguém diz ♪
♪ entenda se puder ♪
♪ Existe uma coisa na Terra,
que ninguém pode tocar, ♪
♪ É o sono de um homem satisfeito ♪
♪ Sim, o sono de um homem satisfeito ♪
♪ E não sei por que adoro acreditar ♪
♪ Não é por falta de amar você ♪
♪ Você não se lembra
de quando parou de respirar ♪
♪ e eu também não me lembro ♪
♪ Mas voltarei para casa amanhã ♪
♪ e queria que você soubesse ♪
♪ que a parte de mim que faz você sorrir ♪
♪ é a mesma que precisava partir ♪
♪ O que ninguém diz ♪
♪ entenda se puder ♪
♪ é que ninguém pode interferir,
nem entrar aqui, ♪
♪ no sono de um homem satisfeito ♪
♪ Sim, no sono de um homem satisfeito ♪
♪ E, de todas as coisas
que tive de aprender, ♪
♪ existe uma que não vai ceder ♪
♪ por mais que eu tente ♪
♪ uma que não vai ceder,
é tudo que posso suportar ♪
♪ uma que não vai ceder,
nunca vou aprender a dizer adeus ♪
♪ mas, para o bem de vocês,
espero que consigam ♪
♪ Em 2 de abril,
o nascimento do meu coração ♪
♪ o dia em que o zumbi
acordou com um começo ♪
♪ Quando me apaixonei
por Button e ela por mim ♪
♪ na primavera de 1993 ♪
♪ Em 7 de janeiro de 2005, ♪
♪ o nascimento do meu sangue veio à vida ♪
♪ Quando eu vir São Pedro
e pedir-lhe minhas asas ♪
♪ deixem-me com essa lembrança
e com a alegria que ela traz ♪
♪ porque o que ninguém diz ♪
♪ entenda se puder ♪
♪ As coisas que você jamais supera ♪
♪ são as que constroem o seu caráter ♪
♪ E se o paraíso, a família e os filhos ♪
♪ forem tudo que me restar quando morrer ♪
♪ desejarei que vocês sejam
melhores que eu ♪
♪ em aprender a dizer adeus ♪
♪ Oh, se o paraíso,
a família e os filhos ♪
♪ forem o que sobrar da minha caminhada ♪
♪ aí, vou quietamente recorrer
à paz calma ♪
♪ do sono de um homem satisfeito ♪
♪ Sim, o sono de um homem satisfeito ♪
♪ Oh, o sono de um... ♪
♪ E que todos vocês sejam satisfeitos ♪
(Vivas) (Aplausos)
Muito obrigado a todos vocês.
Muito obrigado a todos.
Obrigado.
Obrigado.