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Flexibilidade psicológica: como o amor transforma a dor em propósito | Steven Hayes | TEDxUniversidadedeNevada

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    A vida nos faz perguntas.
  • 0:24 - 0:25
    E provavelmente
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    uma das mais importantes
    perguntas que ela nos faz é:
  • 0:28 - 0:33
    “O que você vai fazer a respeito
    de pensamentos e sentimentos difíceis?”
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    Se você está se sentindo
    envergonhado ou ansioso,
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    a vida simplesmente te fez uma pergunta.
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    Se você estivesse aqui em pé,
    prestes a dar uma palestra TEDx
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    e sua mente estivesse
    ficando muito tagarela,
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    o que você vai fazer a respeito?
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    Boa pergunta.
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    (Risadas)
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    E a resposta para essa pergunta
    e outras semelhantes
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    diz muito sobre as trajetórias
    de nossas vidas,
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    se elas vão ou não se desenrolar
    numa direção positiva
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    que avança para a prosperidade,
    o amor, a liberdade, a colaboração,
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    ou se move para baixo,
    na direção da patologia e do desespero.
  • 1:20 - 1:25
    Estou aqui para argumentar
    que você tem dentro de si
  • 1:25 - 1:27
    uma grande resposta a essa questão
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    ou, ao menos, uma semente dela.
  • 1:30 - 1:32
    Mas você também tem
    entre suas orelhas
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    essa mente arrogante,
    contadora de histórias,
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    solucionadora de problemas, analítica,
    julgadora, que não tem a resposta
  • 1:41 - 1:43
    e está constantemente lhe tentando
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    para seguir na direção errada.
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    Meu nome é Steve Hayes
  • 1:51 - 1:53
    e nos últimos 30 anos
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    eu e meus colegas temos estudado
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    um pequeno conjunto
    de processos psicológicos
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    - palavras chiques para coisas
    que as pessoas fazem -
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    chamado de flexibilidade psicológica.
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    É um conjunto de respostas
    para essa questão.
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    E em mais de mil estudos,
  • 2:15 - 2:17
    nós temos demonstrado
    que a flexibilidade psicológica
  • 2:17 - 2:20
    prevê se vamos desenvolver
    um problema de saúde mental
  • 2:20 - 2:22
    – ansiedade, depressão, trauma –
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    Se você tem algum, ela prevê
    se, em seguida, você terá dois.
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    Ela prevê quão graves eles são,
  • 2:29 - 2:30
    quão crônicos eles serão.
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    Mas não apenas isso.
  • 2:31 - 2:34
    Ela prevê todo tipo de outras coisas
    importantes para nós,
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    mesmo que não se trate de psicopatologia,
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    tais como: que tipo de pai
    ou mãe você será?
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    Que tipo de trabalhador você será?
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    Você poderia suportar os desafios
    comportamentais da doença física?
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    Poderia manter seu programa de exercícios?
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    A todo lugar que a mente humana vá,
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    a flexibilidade psicológica é relevante.
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    O que eu quero fazer nesta palestra
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    é guiá-los através da ciência
    da flexibilidade psicológica,
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    porque aprendemos a mudar esses processos
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    em muitas centenas de estudos
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    usando a Terapia
    de Aceitação e Compromisso
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    ou ACT, mas não apenas ACT,
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    métodos que buscam
    flexibilidade psicológica,
  • 3:21 - 3:23
    temos demonstrado
    que podemos modificá-la,
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    e quando nós a mudamos,
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    aquelas trajetórias de vida
    que são negativas se tornam positivas,
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    com resultados em todas as áreas
    que eu acabei de mencionar, e muito mais.
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    Então, eu quero guiá-los
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    através do que são os elementos
    da flexibilidade psicológica.
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    Eu vou levá-los de volta
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    a um momento em minha vida, 34 anos atrás,
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    quando eu me virei com força
    na direção deles
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    pela primeira vez,
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    décadas atrás.
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    Trinta e quatro anos atrás
    e, às duas da manhã,
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    em um tapete felpudo marrom e dourado,
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    com meu corpo quase
    literalmente nesta postura,
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    e minha mente certamente nesta postura.
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    Eu tinha, por dois ou três anos,
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    entrado numa espiral descendente
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    para o inferno do transtorno do pânico.
  • 4:23 - 4:25
    Começou em uma terrível
    reunião de departamento,
  • 4:25 - 4:27
    onde eu fui forçado a assistir
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    a professores titulares brigarem
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    de um modo que só animais selvagens
  • 4:31 - 4:34
    e professores titulares são capazes.
  • 4:34 - 4:36
    (Risadas)
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    E tudo que eu queria
    era implorar que eles parassem,
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    mas em vez disso,
    eu tive meu primeiro ataque de pânico,
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    e quando eles me chamaram,
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    eu não conseguia fazer som algum
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    sair de minha boca.
  • 5:00 - 5:03
    E em meio ao choque, horror e embaraço
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    daquele primeiro - e público -
    ataque de pânico,
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    eu fiz todas as coisas lógicas, razoáveis,
  • 5:10 - 5:12
    sensíveis e patológicas
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    que nossas mentes nos mandam fazer.
  • 5:15 - 5:17
    Eu tentei fugir da ansiedade.
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    Eu tentei lutar contra a ansiedade.
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    Eu tentei me esconder da ansiedade.
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    Eu sentei próximo à porta.
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    Eu assisti a sua chegada.
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    Eu analisei possíveis saídas.
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    Eu tomei os tranquilizantes
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    e enquanto fazia essas coisas,
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    o ataque de pânico aumentava
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    em frequência e intensidade.
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    Primeiro no trabalho,
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    mas depois durante viagens
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    e então em restaurantes,
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    e então em cinemas,
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    e então em elevadores,
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    e então em telefonemas,
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    depois na segurança do lar,
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    e finalmente até ao ser acordado,
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    às duas da manhã, de um sono profundo,
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    já com ataque de pânico.
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    Mas nessa noite, naquele tapete
    felpudo marrom e dourado,
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    essa noite,
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    enquanto eu assistia,
    com ondas de ansiedade,
  • 6:16 - 6:18
    às minhas sensações corporais,
  • 6:18 - 6:19
    foi diferente.
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    Essa noite estava ainda mais terrível,
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    mas era de algum modo gratificante,
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    porque eu não estava tendo
    um ataque de pânico.
  • 6:31 - 6:35
    Eu estava morrendo
    de um ataque do coração.
  • 6:37 - 6:38
    Eu tinha todas as evidências.
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    Havia o peso no peito.
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    Tinha as dores agudas descendo pelo braço.
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    Eu suava copiosamente.
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    Meu coração estava acelerado
    e pulando selvagemente.
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    E aquela mesma voz de aranha que vinha
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    e dizia: “Você tem que correr,
  • 6:52 - 6:56
    você tem que lutar, você tem
    que se esconder da ansiedade”
  • 6:56 - 6:58
    agora me dizia:
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    "Telefone!
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    Você não pode dirigir nessas condições.
  • 7:02 - 7:04
    Você está morrendo.
  • 7:04 - 7:05
    Ligue para a emergência.
  • 7:05 - 7:07
    Chame a ambulância.
  • 7:07 - 7:09
    Isso não é brincadeira.
    Faça essa ligação”.
  • 7:11 - 7:14
    Mesmo assim, minuto
    após minuto foi passando,
  • 7:14 - 7:17
    e eu não telefonei.
  • 7:18 - 7:20
    Eu tive uma sensação de sair do meu corpo
  • 7:20 - 7:23
    e, enquanto olhava para mim mesmo ali,
  • 7:24 - 7:26
    eu imaginava o que aconteceria
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    se eu telefonasse,
  • 7:29 - 7:30
    como uma séria de cenas,
  • 7:30 - 7:32
    pequenos fragmentos
    como em um trailer,
  • 7:32 - 7:34
    como quando você vai ao cinema,
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    para o próximo filme.
  • 7:37 - 7:40
    Eu pude ouvir o som
    das equipes de emergência
  • 7:40 - 7:41
    subindo as escadas,
  • 7:41 - 7:44
    o palpitar na fina porta vazada,
  • 7:45 - 7:47
    o passeio na ambulância,
  • 7:47 - 7:48
    os tubos e fios,
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    e o olhar preocupado
    nos rostos dos enfermeiros
  • 7:51 - 7:53
    enquanto eu entrava
    na sala de emergência,
  • 7:55 - 7:57
    e finalmente o último
    pequeno fragmento,
  • 7:57 - 8:00
    a última pequena cena desse trailer,
  • 8:00 - 8:04
    quando eu percebia de repente
    sobre o que era esse filme.
  • 8:06 - 8:07
    E eu olhava e dizia:
  • 8:07 - 8:09
    “Oh, meu Deus, por favor, isso não.
  • 8:09 - 8:11
    Por favor, por favor”.
  • 8:13 - 8:15
    Nessa cena final,
  • 8:15 - 8:17
    deitado na maca numa sala de emergência,
  • 8:17 - 8:19
    eis que um jovem médico surgia
  • 8:19 - 8:21
    na minha imaginação,
  • 8:21 - 8:23
    caminhando de modo casual demais,
  • 8:26 - 8:27
    e enquanto se aproximava,
  • 8:27 - 8:30
    eu podia ver um sorriso
    afetado em seu rosto,
  • 8:31 - 8:33
    e eu sabia o que viria a seguir.
  • 8:35 - 8:37
    Ele se aproximava e dizia:
  • 8:37 - 8:39
    “Dr. Hayes,
  • 8:41 - 8:43
    você não está tendo um ataque do coração”,
  • 8:44 - 8:46
    e então o sorriso afetado se alargava.
  • 8:47 - 8:49
    “Você está tendo um ataque de pânico”.
  • 8:52 - 8:54
    E eu sabia que era verdade.
  • 8:56 - 9:00
    Isso era apenas outro degrau
    inferno abaixo.
  • 9:01 - 9:03
    E um berro saía da minha boca,
  • 9:03 - 9:08
    um som bizarro, ofegante, estranho.
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    Soava mais ou menos assim.
  • 9:13 - 9:17
    (Berro)
  • 9:20 - 9:23
    Enquanto eu tocava o fundo,
  • 9:23 - 9:25
    uma outra porta se abriu.
  • 9:28 - 9:29
    Não sei quanto tempo durou,
  • 9:29 - 9:33
    mas foi alguns minutos depois
    de uma parte raramente visitada,
  • 9:33 - 9:35
    mas muito profunda, de mim,
  • 9:35 - 9:37
    a parte de mim que está
    por trás de seus olhos,
  • 9:37 - 9:39
    uma parte mais espiritual,
  • 9:39 - 9:42
    bem da minha alma,
    se você quiser chamá-la assim,
  • 9:42 - 9:43
    que saíram palavras.
  • 9:43 - 9:44
    Eu tenho certeza.
  • 9:44 - 9:48
    Eu disse em voz alta para ninguém,
    às duas da manhã.
  • 9:49 - 9:50
    Eu disse:
  • 9:51 - 9:53
    “Eu não sei quem você é,
  • 9:54 - 9:58
    mas aparentemente você pode me machucar.
  • 9:58 - 10:00
    Você pode me fazer sofrer.
  • 10:01 - 10:04
    Eu vou lhe dizer uma coisa
    que você não pode fazer.
  • 10:05 - 10:10
    Você não pode me afastar
    de minha experiência.
  • 10:11 - 10:13
    Isso você não pode fazer”.
  • 10:19 - 10:23
    E meu corpo, então mais jovem,
    doía enquanto se levantava,
  • 10:26 - 10:32
    e a contar pelas trilhas secas e ardentes
    das lágrimas no meu rosto,
  • 10:32 - 10:34
    eu havia estado lá por muito tempo.
  • 10:37 - 10:41
    Mas eu levantei com uma promessa:
  • 10:43 - 10:49
    “Nunca mais eu fugirei de mim”.
  • 10:53 - 10:56
    Eu não sabia como manter essa promessa.
  • 10:56 - 10:58
    Pra ser honesto,
    eu ainda estou aprendendo.
  • 10:58 - 11:03
    Eu não tinha ideia
    de como levar essa promessa
  • 11:03 - 11:06
    para a vida de outras pessoas.
  • 11:06 - 11:09
    Eu aprenderia isso somente
    no trabalho que temos feito
  • 11:09 - 11:12
    em Terapia de Aceitação e Compromisso,
  • 11:12 - 11:14
    ou ACT, e que estava além de mim.
  • 11:14 - 11:16
    Mas nesses 34 anos,
  • 11:16 - 11:18
    nem um dia se passou
  • 11:20 - 11:23
    sem que eu tenha me lembrado
    dessa promessa.
  • 11:24 - 11:27
    E quando você fica aqui assim,
  • 11:27 - 11:29
    do modo que você já sabe
  • 11:29 - 11:32
    que é o melhor lugar para se ficar
  • 11:32 - 11:34
    com a dor e o sofrimento,
  • 11:34 - 11:35
    as coisas começam a acontecer.
  • 11:36 - 11:37
    Eu posso colocar agora em palavras
  • 11:37 - 11:40
    o que a ciência demonstra,
    o que é essa postura.
  • 11:41 - 11:43
    É abertura emocional.
  • 11:43 - 11:45
    Nós vamos sentir o que
    está lá para ser sentido,
  • 11:45 - 11:47
    mesmo quando é difícil.
  • 11:47 - 11:51
    É ser capaz de olhar para os pensamentos,
    não só a partir dos pensamentos.
  • 11:51 - 11:54
    Quando você pensa
    que eles não são simplesmente assim,
  • 11:54 - 11:57
    então você não pode ver mais nada,
    você pode percebê-los lá fora.
  • 11:57 - 12:00
    É se conectar com essa parte
    mais espiritual de você
  • 12:00 - 12:03
    e, a partir daí, ser capaz
    de direcionar sua atenção
  • 12:03 - 12:06
    – flexivelmente, fluidamente,
    voluntariamente –
  • 12:06 - 12:08
    para o que está ali para ser focado
  • 12:09 - 12:12
    e, quando você vê algo importante,
  • 12:12 - 12:15
    ser capaz de se mover nessa direção
    com suas mãos e braços livres,
  • 12:15 - 12:17
    de modo que você possa sentir e fazer,
  • 12:17 - 12:19
    contribuir e participar.
  • 12:20 - 12:23
    Isso é flexibilidade psicológica.
  • 12:26 - 12:28
    E isso constrói o que aquela semente é,
  • 12:28 - 12:31
    que você sabe, porque se você
    colocar isso em uma palavra,
  • 12:31 - 12:35
    eu penso que você pode
    ver por que essa deveria ser a palavra,
  • 12:35 - 12:38
    a simples palavra que eu diria: “amor”.
  • 12:38 - 12:40
    Quando você fica consigo mesmo
  • 12:40 - 12:46
    de um modo autocompassivo,
    gentil e amoroso, a vida se abre,
  • 12:47 - 12:50
    e então você pode se mover
    na direção de significado e propósito,
  • 12:50 - 12:53
    e de como levar amor, participação,
  • 12:53 - 12:55
    beleza e colaboração
  • 12:55 - 12:57
    à vida dos outros.
  • 12:59 - 13:00
    No início, eu não via
  • 13:00 - 13:04
    que esse eixo na direção
    de dor e sofrimento
  • 13:05 - 13:07
    na verdade, estava colado na base
  • 13:07 - 13:10
    desse eixo na direção
    de significado e propósito.
  • 13:10 - 13:11
    Eu não via isso no início.
  • 13:11 - 13:14
    Mas eu comecei a ver em meus clientes,
  • 13:14 - 13:16
    conforme eu comecei o trabalho com ACT.
  • 13:16 - 13:18
    Eu comecei a ver na minha própria vida.
  • 13:20 - 13:21
    E em poucos anos,
  • 13:21 - 13:23
    isso me atingiu com força.
  • 13:24 - 13:28
    Até então, eu tinha feito alguns estudos
    randomizados em ACT
  • 13:28 - 13:30
    e estava começando a dar treinamentos,
  • 13:30 - 13:34
    me deslocando em encontros
    com grupos pequenos de clínicos
  • 13:34 - 13:36
    e ensinando sobre o trabalho
    que estávamos fazendo.
  • 13:37 - 13:39
    Eu estava dando um workshop
  • 13:39 - 13:41
    e tive uma dessas ondas de ansiedade,
  • 13:41 - 13:43
    o que era totalmente normal.
  • 13:43 - 13:47
    Até hoje, eu fico ansioso dando palestras.
  • 13:48 - 13:50
    Até aí, tudo bem. Eu estou aberto a isso.
  • 13:50 - 13:52
    Fala sério. É bacana.
  • 13:54 - 13:56
    Mas daí veio outra onda.
  • 13:56 - 13:58
    E de repente, eu senti
    como se eu fosse soluçar
  • 13:58 - 14:01
    na frente desses clínicos,
  • 14:02 - 14:05
    que eu ia começar a chorar
    incontrolavelmente.
  • 14:06 - 14:07
    Eu disse: “O quê?”
  • 14:08 - 14:10
    O momento passou e eu dei o workshop.
  • 14:11 - 14:14
    Não pensei mais sobre isso
    até o próximo workshop
  • 14:14 - 14:16
    – exatamente a mesma coisa aconteceu.
  • 14:16 - 14:20
    Nessa hora, tive a clareza
    de notar que eu me sentia muito jovem.
  • 14:21 - 14:24
    E eu me perguntei,
    ali mesmo dando o workshop:
  • 14:24 - 14:25
    “Quantos anos você tem?”
  • 14:25 - 14:28
    E a resposta chegou: “8 ou 9”.
  • 14:29 - 14:32
    E então, uma memória surgiu
  • 14:32 - 14:35
    de algo sobre o qual eu não pensava
    desde que tinha acontecido,
  • 14:35 - 14:38
    quando eu tinha 8 ou 9 anos.
  • 14:38 - 14:41
    Eu não tive tempo de elaborar no workshop,
  • 14:41 - 14:43
    mas à noite no hotel, eu o fiz.
  • 14:45 - 14:47
    Estava sob minha cama,
  • 14:48 - 14:51
    ouvindo meus pais brigarem na outra sala.
  • 14:52 - 14:58
    Meu pai tinha chegado bêbado
    e tarde em casa novamente.
  • 14:59 - 15:02
    Minha mãe o atacava
  • 15:03 - 15:07
    por gastar os escassos recursos
    familiares em seu vício,
  • 15:07 - 15:10
    por suas inadequações como marido e pai.
  • 15:11 - 15:12
    E ele dizia:
  • 15:12 - 15:16
    “Cale a boca! É melhor
    você calar a boca, senão...”.
  • 15:16 - 15:18
    E eu sabia que seus punhos
    estavam cerrados.
  • 15:19 - 15:22
    Então ouvi um terrível estrondo,
  • 15:22 - 15:24
    e minha mãe gritava.
  • 15:26 - 15:29
    Eu descobriria apenas mais tarde
    que era a mesinha de centro
  • 15:29 - 15:31
    cruzando a sala de estar.
  • 15:32 - 15:33
    E eu pensava:
  • 15:34 - 15:35
    “Vai ter sangue?
  • 15:36 - 15:38
    Ele está batendo nela?”
  • 15:38 - 15:40
    E então, o garotinho da minha mente
  • 15:40 - 15:43
    me deu estas palavras com clareza:
  • 15:44 - 15:46
    “Vou fazer alguma coisa”.
  • 15:50 - 15:53
    E me dei conta de que não havia
    nada que eu pudesse fazer,
  • 15:53 - 15:55
    nada seguro.
  • 15:56 - 15:58
    Então, corri para mais longe
  • 15:58 - 16:00
    e me segurei e chorei.
  • 16:04 - 16:05
    Dá para entender?
  • 16:06 - 16:10
    Eu estou sentando olhando aqueles
    velhos búfalos brigarem
  • 16:10 - 16:12
    no departamento de psicologia
  • 16:12 - 16:14
    e, sim, eu estou aterrorizado
  • 16:15 - 16:17
    e, sim, estou me sentindo ansioso,
  • 16:18 - 16:21
    mas na realidade, tudo que eu
    queria era simplesmente chorar...
  • 16:22 - 16:25
    Em um departamento de psicologia?
  • 16:25 - 16:28
    (Risadas)
  • 16:29 - 16:30
    Sério mesmo?
  • 16:32 - 16:35
    Mas eu não o acessava.
  • 16:36 - 16:37
    Eu não tinha espaço para ele.
  • 16:39 - 16:42
    Ele é a razão de eu ser um psicólogo,
  • 16:43 - 16:46
    mas eu nem sabia disso.
  • 16:47 - 16:51
    E eu fui capturado pelos artigos,
  • 16:51 - 16:53
    no currículo, nas verbas, nas realizações.
  • 16:53 - 16:55
    Uhull!
  • 16:57 - 17:01
    Mas eu tinha chegado aqui
    porque ele tinha me pedido
  • 17:02 - 17:04
    – para fazer alguma coisa.
  • 17:05 - 17:08
    E em vez disso, o que eu disse a ele
  • 17:09 - 17:12
    equivale a botar pra baixo e dizer:
  • 17:12 - 17:15
    “Fica quieto. Vá embora. Cale a boca”,
  • 17:17 - 17:21
    enquanto eu fugia, lutava e me escondia.
  • 17:22 - 17:26
    Era tão cruel e tão pouco
    amável. Com quem?
  • 17:26 - 17:29
    Comigo e com as partes de mim
  • 17:30 - 17:34
    que me conectam inclusive
    com o propósito de minha vida.
  • 17:36 - 17:39
    Porque sofremos quando nos importamos,
  • 17:40 - 17:42
    e quando nos importamos, sofremos.
  • 17:43 - 17:48
    Esses dois eixos, esses dois
    “se voltar para” são a mesma coisa.
  • 17:49 - 17:51
    Quando você fica ao seu lado,
  • 17:51 - 17:53
    mesmo quando é difícil,
  • 17:53 - 17:55
    está fazendo algo amoroso por si mesmo,
  • 17:55 - 17:59
    e fora disso, então,
    você pode correr o risco
  • 17:59 - 18:03
    de ir na direção de trazer amor ao mundo,
  • 18:03 - 18:05
    beleza ao mundo, comunicação,
  • 18:05 - 18:08
    colaboração para o mundo.
  • 18:08 - 18:12
    E ao ver isso, eu fiz outra promessa.
  • 18:13 - 18:17
    Nunca mais eu vou afastar você,
  • 18:19 - 18:24
    nem sua mensagem sobre nosso propósito.
  • 18:25 - 18:27
    Eu não vou pedir para você dar o workshop,
  • 18:28 - 18:30
    nem tampouco fazer a palestra TEDx...
  • 18:30 - 18:32
    (Risadas)
  • 18:33 - 18:36
    mas quero você aqui comigo,
  • 18:37 - 18:39
    porque você me suaviza.
  • 18:40 - 18:46
    Você entende o porquê
    de minha vida ser feita disso.
  • 18:47 - 18:49
    Desse modo, minha mensagem para você é:
  • 18:51 - 18:55
    olhe para a ciência
    da flexibilidade psicológica, sim,
  • 18:55 - 18:59
    mas só para informá-lo
    daquilo que você já sabe:
  • 19:00 - 19:03
    trazer amor a si mesmo,
  • 19:03 - 19:05
    mesmo quando é difícil,
  • 19:05 - 19:07
    o ajudará a levar amor ao mundo,
  • 19:08 - 19:12
    do jeito que você quer levá-lo ao mundo.
  • 19:14 - 19:16
    E isso é importante.
  • 19:17 - 19:18
    Você sabe disso.
  • 19:18 - 19:21
    O menino de 8 anos
    que chora dentro de você sabe.
  • 19:23 - 19:25
    Nós todos sabemos disso.
  • 19:27 - 19:29
    Porque o amor não é tudo.
  • 19:30 - 19:32
    É a única coisa.
  • 19:33 - 19:35
    Obrigado. Espero ter sido útil pra vocês.
  • 19:35 - 19:37
    (Aplausos)
Title:
Flexibilidade psicológica: como o amor transforma a dor em propósito | Steven Hayes | TEDxUniversidadedeNevada
Description:

Como nós podemos prosperar quando nos deparamos com a dor e o sofrimento em nossas vidas? Mais de mil estudos sugerem que uma grande parte da resposta é "aprendendo flexibilidade psicológica". Steven C. Hayes é um dos pesquisadores que deram início à identificação desse processo e o colocaram em ação na forma de um método popular de aceitação e Mindfulness chamado Terapia Aceitação e Compromisso. Nesta palestra emocional, Hayes destila a essência da flexibilidade psicológica em algumas poucas sentenças fáceis de serem compreendidas. Ele leva os espectadores a uma jornada perturbadora dentro de seu próprio transtorno do pânico, até o momento de sua vida em que ele fez uma escolha transformadora: eu não vou fugir de mim mesmo. Hayes mostra como fazer essa escolha permite uma conexão com nosso mais profundo senso de sentido e propósito, argumentando que ter uma postura amorosa com nossa própria dor nos permite trazer amor e contribuição ao mundo.

Steven C. Hayes é professor emérito no Departamento de Psicologia da Universidade de Nevada. Autor de 38 livros e mais de 540 artigos científicos, ele tem demonstrado em suas pesquisas como a linguagem e o pensamento levam o ser humano ao sofrimento, e tem desenvolvido a "Terapia de Aceitação e Compromisso", um método terapêutico útil em diversas áreas. Seu livro popular "Get Out of Your Mind and Into Your Life (sem tradução em português)" foi destaque na revista Time, entre vários outros grandes meios de comunicação, e por um tempo foi o número um entre os livros de auto-ajuda mais vendidos nos Estados Unidos. Dr. Hayes foi presidente de várias sociedades científicas e recebeu vários prêmios nacionais, como o Lifetime Achievement Award da Association for Behavioral Cognitive Therapy (Associação de Terapia Comportamental Cognitiva).

Esta palestra foi dada em um evento TEDx usando o formato de conferência TED, mas organizada de forma independente por uma comunidade local. Saiba mais em http://ted.com/tedx

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDxTalks
Duration:
19:40

Portuguese, Brazilian subtitles

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