Esta palestra foi dada em um evento TEDx, que usa o formato de conferência TED, mas é organizado de forma independente por uma comunidade local. Para saber mais visite http://ted.com/tedx

“Vocês lembram o que estavam fazendo 1.377 dias atrás?” Com essa pergunta, Flávia Maoli inicia sua palestra no TEDxUnisinos 2014. “Eu tinha 23 anos, era estudante de Arquitetura, recém havia retornado de um intercâmbio na Europa. Minhas únicas preocupações na vida eram passar de semestre, ser bonita, pensar com quem eu iria sair no final de semana”, continua.

Nessa época, Flávia foi diagnosticada com Linfoma de Hodkin.
Apesar de saber que a doença tem índice de 95% de cura, ela ficou fora de si ao ouvir o diagnóstico do médico em relação ao carocinho que sentira no pescoço. “Pensei: 'Adeus, sonhos!'”, conta. A vida tinha se tornado preto e branco, os jantares de família mais pareciam velórios e os amigos não demonstravam alegria enquanto próximos a ela. Flávia tornou o câncer uma parte do seu cotidiano: sabia os dias de ir à quimioterapia, quanto seu cabelo deveria crescer por mês e como andava o tratamento.

Depois de um exame de rotina, Flávia descobriu estar nos 5% das pessoas que têm o Linfoma do Hodkin e precisam recorrer a uma segunda tentativa de tratamento. “Eu senti pena de mim, e o que é pena? É o pior sentimento que existe!”, disse. “Entretanto, eu tinha duas escolhas: recusar a continuar o tratamento e morrer, ou aceitar o desafio de lutar pela minha vida”.

Flávia optou por tornar uma sentença de morte uma sentença de vida. A transformação do corpo, a perda do cabelo e o transplante de medula óssea não foram suficientes para fazer Flávia desistir de querer continuar lutando. “Eu me dei conta de que o câncer não é uma escolha, mas o bom humor é. Eu decidi ser feliz. Não foi uma escolha fácil, mas foi a mais inteligente. Minha vida, mesmo com câncer, voltou ao normal”, afirma.

Flávia criou o blogue “Além do cabelo”, cujo objetivo inicial era dividir dicas de moda e beleza que a jovem havia aprendido com o câncer. Hoje, Flávia conta que as pessoas não querem só saber das suas dicas práticas, mas querem que ela fale sobre como enfrenta a doença no dia a dia. O blogue auxilia as as pessoas a lidar com o câncer da melhor maneira possível. “Câncer é doença, não castigo. Não podemos ter medo de morrer, mas medo de não ter vivido”, conclui Flávia. Com o sucesso do blogue, Maoli desenvolveu outros projetos, como sua loja virtual e o Projeto Camaleão: autoestima contra o câncer. Ao decidir encarar a doença com um olhar otimista e bem humorado, Flavia transformou a sua realidade e a de muitas outras pessoas.

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